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RUMO AO CENTRÃO
Em troca, Sarney pai apoiaria Calheiros para presidir Senado
Lula articula ida de Roseana para PMDB e Planejamento
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva articula para que a senadora
Roseana Sarney (MA) deixe o
PFL, ingresse no PMDB e se torne
ministra do Planejamento. Lula
quer aumentar o poder do PMDB
no governo, que ficaria com três
ministérios, e fortalecer a chance
de o partido apoiar a sua reeleição
em 2006.
Filha do presidente do Senado,
José Sarney (PMDB-AP), Roseana tem a simpatia do ministro
Antonio Palocci Filho (Fazenda),
que deseja alguém que não gere
atritos com ele. Esse risco dificultou, por exemplo, a possibilidade
de Ciro Gomes (Integração Nacional) ir para o Planejamento.
A nomeação de Roseana seria
também uma compensação a Sarney depois de ter sido sepultada a
emenda constitucional que permitiria a sua reeleição para presidente do Senado. Em troca, Sarney apoiaria a eleição do líder do
PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), para sucedê-lo na Casa.
Os dois conversaram ontem e se
entenderam, mas há detalhes que
ainda precisam ser amarrados.
Na presidência do Senado, Renan faria um acerto com a bancada de senadores para ser o grande
fiador político dos acordos (cargos e emendas) com o governo.
Assim, a bancada dispensaria o
desejo de ganhar um ministério
de maior peso.
Mas a bancada na Câmara (76
deputados) ganharia uma pasta
mais importante (mais verbas) do
que a atual. O deputado federal
Eunício Oliveira (PMDB-CE), nas
Comunicações, seria deslocado
para outro ministério.
Cenários
Nesse ponto, há complicações.
No cenário preferido por Lula e
auxiliares, o petista Olívio Dutra
(Cidades) seria demitido e sua vaga dada a Eunício. Uma outra
possibilidade, mais difícil de ser
implementada, é ceder ao peemedebista a Integração Nacional de
Ciro (PPS). Nesse caso, Ciro iria
para outra pasta.
A degola de Olívio seria mais fácil porque ele é do PT (que tem 18
ministros) e do Rio Grande do
Sul, Estado que possui posições
no primeiro escalão. Mas, amigo
de Lula, ele já sobreviveu a outros
momentos em que quase caiu.
Para as Comunicações, há alguns cenários -pois o presidente
ainda não bateu o martelo. O primeiro, defendido por petistas como o ministro José Dirceu (Casa
Civil), mas rejeitado até agora por
Lula, é remover Aldo Rebelo da
Coordenação Política para o atual
posto de Eunício.
O presidente gosta de Aldo e
tem resistido às investidas de Dirceu, que gostaria de recuperar as
atribuições políticas oficiais que
perdeu na reforma ministerial de
janeiro. Lula, porém, já disse a
Dirceu que o quer no gerenciamento do governo.
Se não puder recuperar a articulação política, Dirceu defende que
ela seja dada a um petista. No caso, prefere o atual presidente da
Câmara dos Deputados, João
Paulo Cunha (PT-SP), que também viu ser enterrado o sonho de
se reeleger para o cargo.
Se falhar a operação para que
Roseana seja a 24ª senadora do
PMDB e ministra, o nome mais
cotado hoje é o do deputado federal Paulo Bernardo (PT-PR). Presidente da Comissão de Orçamento do Congresso, afinado
com Palocci e com trânsito na Câmara e no Senado, Bernardo é
considerado no Palácio do Planalto como competente e uma boa
opção. Seu problema, pensa Lula,
é pertencer ao PT. O presidente
quer tirar espaço do seu partido
para dar aos aliados.
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