São Paulo, quinta-feira, 25 de novembro de 2004

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RUMO AO CENTRÃO

Em troca, Sarney pai apoiaria Calheiros para presidir Senado

Lula articula ida de Roseana para PMDB e Planejamento

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva articula para que a senadora Roseana Sarney (MA) deixe o PFL, ingresse no PMDB e se torne ministra do Planejamento. Lula quer aumentar o poder do PMDB no governo, que ficaria com três ministérios, e fortalecer a chance de o partido apoiar a sua reeleição em 2006.
Filha do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), Roseana tem a simpatia do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda), que deseja alguém que não gere atritos com ele. Esse risco dificultou, por exemplo, a possibilidade de Ciro Gomes (Integração Nacional) ir para o Planejamento.
A nomeação de Roseana seria também uma compensação a Sarney depois de ter sido sepultada a emenda constitucional que permitiria a sua reeleição para presidente do Senado. Em troca, Sarney apoiaria a eleição do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), para sucedê-lo na Casa. Os dois conversaram ontem e se entenderam, mas há detalhes que ainda precisam ser amarrados.
Na presidência do Senado, Renan faria um acerto com a bancada de senadores para ser o grande fiador político dos acordos (cargos e emendas) com o governo. Assim, a bancada dispensaria o desejo de ganhar um ministério de maior peso.
Mas a bancada na Câmara (76 deputados) ganharia uma pasta mais importante (mais verbas) do que a atual. O deputado federal Eunício Oliveira (PMDB-CE), nas Comunicações, seria deslocado para outro ministério.

Cenários
Nesse ponto, há complicações. No cenário preferido por Lula e auxiliares, o petista Olívio Dutra (Cidades) seria demitido e sua vaga dada a Eunício. Uma outra possibilidade, mais difícil de ser implementada, é ceder ao peemedebista a Integração Nacional de Ciro (PPS). Nesse caso, Ciro iria para outra pasta.
A degola de Olívio seria mais fácil porque ele é do PT (que tem 18 ministros) e do Rio Grande do Sul, Estado que possui posições no primeiro escalão. Mas, amigo de Lula, ele já sobreviveu a outros momentos em que quase caiu.
Para as Comunicações, há alguns cenários -pois o presidente ainda não bateu o martelo. O primeiro, defendido por petistas como o ministro José Dirceu (Casa Civil), mas rejeitado até agora por Lula, é remover Aldo Rebelo da Coordenação Política para o atual posto de Eunício.
O presidente gosta de Aldo e tem resistido às investidas de Dirceu, que gostaria de recuperar as atribuições políticas oficiais que perdeu na reforma ministerial de janeiro. Lula, porém, já disse a Dirceu que o quer no gerenciamento do governo.
Se não puder recuperar a articulação política, Dirceu defende que ela seja dada a um petista. No caso, prefere o atual presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), que também viu ser enterrado o sonho de se reeleger para o cargo.
Se falhar a operação para que Roseana seja a 24ª senadora do PMDB e ministra, o nome mais cotado hoje é o do deputado federal Paulo Bernardo (PT-PR). Presidente da Comissão de Orçamento do Congresso, afinado com Palocci e com trânsito na Câmara e no Senado, Bernardo é considerado no Palácio do Planalto como competente e uma boa opção. Seu problema, pensa Lula, é pertencer ao PT. O presidente quer tirar espaço do seu partido para dar aos aliados.


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