São Paulo, quinta-feira, 25 de novembro de 2004

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NA CONTRAMÃO

Teixeira e Roquete eram ligados a Ana Fonseca, que foi exonerada do Desenvolvimento Social por divergir de Patrus

Técnicos saem e esvaziam mais a área social

LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) aceitou ontem a demissão de dois técnicos de sua pasta ligados à ex-secretária-executiva Ana Fonseca, exonerada na sexta por divergências na condução das políticas sociais.
Entregaram os cargos o secretário nacional de Renda de Cidadania, André Teixeira, e Cláudio Roquete, do Departamento do Cadastro Único. Ambos ajudavam a coordenar o Bolsa-Família, carro-chefe da área social do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Os dois demissionários ficam na pasta até terça para que o ministro tenha tempo de nomear os substitutos. Eles já haviam manifestado interesse em deixar o ministério na sexta, mas só ontem conversaram com Patrus.
Teixeira realizava um trabalho estratégico: coordenava as mudanças na forma de fiscalização das contrapartidas das famílias beneficiadas. Roquete trabalhava com a unificação do cadastro único das famílias pobres no país.
Márcia Helena Carvalho Lopes deixa a Secretaria Nacional de Assistência Social para assumir a Secretaria Executiva até que o ministro faça a nomeação do substituto definitivo. Assistente social, ela é irmã de Gilberto Carvalho, chefe-de-gabinete de Lula.
Dizendo que não esperava a nomeação, mas estava "honrada pela confiança", a nova secretária-executiva afirmou que continuará os projetos desenvolvidos no ministério. Aproveitou para rebater críticas à área social: "Há grupos que querem fazer oposição".
No lugar de Márcia Lopes na Secretaria Nacional de Assistência Social ficará Ana Lígia Gomes, que já era sua substituta eventual.
O ministro passou o dia todo ontem no gabinete, em Brasília, conversando com sua equipe. A idéia é fazer um balanço dos programas sociais e analisar a necessidade ou não de alterações no quadro. Ele já havia pedido que técnicos e assessores que queiram deixar o ministério permaneçam pelo menos até ele definir eventuais mudanças.
Por enquanto, bate na tecla de que a meta definida por Lula de atender a 6,5 milhões de famílias no programa Bolsa-Família neste ano será cumprida.
Com a saída de Ana Fonseca, Patrus obteve carta branca do Palácio do Planalto para modificar sua equipe. A ex-secretária-executiva foi uma das principais responsáveis pela unificação dos programas de transferência de renda do governo e pela criação do Bolsa-Família, em 2003.
Ana Fonseca foi indicada pelo próprio presidente quando o Ministério do Desenvolvimento Social foi criado, em janeiro. Levou para a pasta técnicos para ajudá-la na execução do Bolsa-Família. Porém, desde que assumiram, Ana Fonseca e Patrus vinham tendo divergências. Entre elas, a forma de fiscalizar as contrapartidas das famílias beneficiadas e como fazer o controle social. As diferenças se acentuaram a partir de setembro, quando o Bolsa-Família começou a sofrer uma série de críticas. A situação piorou na semana passada, quando os dois tiveram uma conversa sobre o controle social do programa.


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