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NA CONTRAMÃO
Teixeira e Roquete eram ligados a Ana Fonseca, que foi exonerada do Desenvolvimento Social por divergir de Patrus
Técnicos saem e esvaziam mais a área social
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) aceitou ontem a demissão de dois técnicos
de sua pasta ligados à ex-secretária-executiva Ana Fonseca, exonerada na sexta por divergências
na condução das políticas sociais.
Entregaram os cargos o secretário nacional de Renda de Cidadania, André Teixeira, e Cláudio Roquete, do Departamento do Cadastro Único. Ambos ajudavam a
coordenar o Bolsa-Família, carro-chefe da área social do governo
Luiz Inácio Lula da Silva.
Os dois demissionários ficam
na pasta até terça para que o ministro tenha tempo de nomear os
substitutos. Eles já haviam manifestado interesse em deixar o ministério na sexta, mas só ontem
conversaram com Patrus.
Teixeira realizava um trabalho
estratégico: coordenava as mudanças na forma de fiscalização
das contrapartidas das famílias
beneficiadas. Roquete trabalhava
com a unificação do cadastro único das famílias pobres no país.
Márcia Helena Carvalho Lopes
deixa a Secretaria Nacional de Assistência Social para assumir a Secretaria Executiva até que o ministro faça a nomeação do substituto definitivo. Assistente social,
ela é irmã de Gilberto Carvalho,
chefe-de-gabinete de Lula.
Dizendo que não esperava a nomeação, mas estava "honrada pela confiança", a nova secretária-executiva afirmou que continuará
os projetos desenvolvidos no ministério. Aproveitou para rebater
críticas à área social: "Há grupos
que querem fazer oposição".
No lugar de Márcia Lopes na Secretaria Nacional de Assistência
Social ficará Ana Lígia Gomes,
que já era sua substituta eventual.
O ministro passou o dia todo
ontem no gabinete, em Brasília,
conversando com sua equipe. A
idéia é fazer um balanço dos programas sociais e analisar a necessidade ou não de alterações no
quadro. Ele já havia pedido que
técnicos e assessores que queiram
deixar o ministério permaneçam
pelo menos até ele definir eventuais mudanças.
Por enquanto, bate na tecla de
que a meta definida por Lula de
atender a 6,5 milhões de famílias
no programa Bolsa-Família neste
ano será cumprida.
Com a saída de Ana Fonseca,
Patrus obteve carta branca do Palácio do Planalto para modificar
sua equipe. A ex-secretária-executiva foi uma das principais responsáveis pela unificação dos
programas de transferência de
renda do governo e pela criação
do Bolsa-Família, em 2003.
Ana Fonseca foi indicada pelo
próprio presidente quando o Ministério do Desenvolvimento Social foi criado, em janeiro. Levou
para a pasta técnicos para ajudá-la na execução do Bolsa-Família.
Porém, desde que assumiram,
Ana Fonseca e Patrus vinham tendo divergências. Entre elas, a forma de fiscalizar as contrapartidas
das famílias beneficiadas e como
fazer o controle social. As diferenças se acentuaram a partir de setembro, quando o Bolsa-Família
começou a sofrer uma série de críticas. A situação piorou na semana passada, quando os dois tiveram uma conversa sobre o controle social do programa.
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