São Paulo, Sábado, 25 de Dezembro de 1999


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PAINEL

Figueiredo 1

Um dos ícones do governo João Figueiredo está sendo ressuscitado pelo Planejamento: o programa nacional de desburocratização. O ministério descobriu que procedimentos extintos por Hélio Beltrão foram recriados. Moral da história: é preciso uma burocracia permanente para desburocratizar.

Figueiredo 2

De Delfim Netto, que foi ministro em seu governo: "Figueiredo enfrentou a maior crise que o mundo viu desde 1929 e entregou o Brasil funcionando. Com uma grande inflação, mas crescendo 5% ao ano. E conseguiu fazer a transição democrática com grande proficiência".

Figueiredo 3

Do ex-deputado Thales Ramalho (PMDB): "Com aquelas frases de "prendo e arrebento", cumpriu um script. O AI-5 estava se voltando contra os militares, e Figueiredo fez o programado, assinando a anistia".

Figueiredo 4

Do governador Amin (SC): "Figueiredo era um brasileiro por excelência. Espontâneo em tudo o que pensava e dizia. Era o oposto de qualquer afetação".

Redondos 468 anos

Em celebração dos 500 Anos do Descobrimento, o governo paulista e a Assembléia Legislativa serão transferidos simbolicamente para São Vicente nos dias 21 a 23 de janeiro. Há uma certa antecedência na medida, já que a cidade, a mais antiga do Brasil, foi fundada em 1532.

Leve pressão

O governo está otimista com a possibilidade de melhores resultados na balança comercial em 2000. Mas para não ficar só na torcida, vai provocar alguns setores que não têm exportado muito a venderem mais para o exterior. Leia-se montadoras.

Tudo como dantes

Lula e Ciro Gomes fecham o ano sem terem conseguido reforçar seus pontos fracos. O petista continua devendo entre os eleitores com mais de 45 anos e no Sudeste. O presidenciável do PPS segue vulnerável entre os menos escolarizados.

Ano da verdade

Os inimigos de Andrea Matarazzo no governo dizem que Sergio Amaral era melhor na função. E que em 2000, sem a desculpa de que a popularidade de FHC caiu por causa da crise, o recém-nomeado ministro será colocado à prova de fato.

Vidraça...

O PSDB lançou nova intriga contra os partidos aliados. Nárcio Rodrigues (MG) encaminhou ao Planalto levantamento sobre os discursos na Câmara em 1999. Segundo ele, o PMDB fez 118 favoráveis ao governo e 170 contra. O PFL, 150 pró e 66 contra. Os tucanos teriam elogiado 834 vezes e criticado 23.

... e estilingue

Segundo o levantamento, o tucano Dr. Heleno (RJ) é o principal defensor do governo no plenário da Câmara, com 74 discursos. O petista Paulo Paim (RS), o mais feroz. Bateu 143 vezes no governo, num total de 1.279 discursos contrários feitos pelo partido durante o ano.

Um pé em cada canoa

A entrada de Garotinho no PMDB passaria por um acordo com Sérgio Cabral, peemedebista que está bem nas pesquisas para a Prefeitura do Rio. Detalhe: o governador tem um acerto para apoiar Benedita da Silva, do PT, na eleição de 2000.

No ar

Com Elcio Alvares (Defesa) desgastado no cargo, FHC sonha com alguém que tenha o perfil do intelectual Pandiá Calógeras. Trata-se do último civil ministro da Defesa que o Brasil teve, entre 1919 e 1922, no governo Epitácio Pessoa.

Trabalho árduo

Vereadores de São Paulo comemoram o que chamam de "ano produtivo" na Câmara Municipal. Conseguiram aprovar 249 propostas em 1999. Detalhe: 60% dos projetos são homenagens (outorga de medalhas, nomes de rua, títulos de cidadão e datas comemorativas).


TIROTEIO
De Luiza Erundina, pré-candidata do PSB à Prefeitura de São Paulo, sobre Collor (PRTB) pretender concorrer à sucessão de Celso Pitta:
- É uma excrescência. Considero um absurdo, depois de tudo que fez, que ainda tenha chance de aparecer. Collor é um despreparado, incompetente e antiético. É pior do que o Maluf.

CONTRAPONTO

Um pouco de história

Em 22 de julho de 1984, o presidente João Baptista Figueiredo convocou uma reunião na Granja do Torto, em Brasília, com todos os governadores do PDS, o partido governista.
Pretendia medir a temperatura política após a rejeição da emenda Dante de Oliveira (pelas eleições diretas) e avaliar as chances de Paulo Maluf e Mário Andreazza, os dois pré-candidatos do PDS à sua sucessão.
Dos 12 governadores convidados, só 9 apareceram. Na conversa ficou demonstrado que o governo perderia a eleição para Tancredo Neves (PMDB) no Colégio Eleitoral, não importava quem fosse o candidato.
Ao despedir-se do presidente no final, o governador catarinense, Esperidião Amin, segurou-o pelo braço e propôs:
- Presidente, faça uma homenagem à sua biografia: proponha uma emenda pelas eleições diretas quando o Congresso reabrir, em 1º de agosto.
O presidente hesitou. Amin insistiu, e Figueiredo disse:
- O Exército não deixa.



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