São Paulo, Sábado, 25 de Dezembro de 1999


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REPERCUSSÃO

Marco Maciel, 59, vice-presidente e ex-governador de Pernambuco (1979-83): "Ele concluiu o processo de abertura política iniciado pelo presidente Geisel e permitiu ao país reingressar no estado de direito e viver a plenitude democrática".

Carlos Velloso, 63, presidente do Supremo Tribunal Federal: "Manifestamos nosso profundo pesar pelo falecimento do ex-presidente general João Baptista Figueiredo. Homem de atitudes francas, a sua marca maior foi o patriotismo, o amor pelo Brasil. A sua morte representa grande perda".

Antônio Carlos Magalhães, 72, presidente do Senado e ex-governador da Bahia (1979-93): "O presidente Figueiredo, como militar, teve uma carreira brilhante, o que lhe facilitou a ascensão à Presidência. No governo, cometeu erros e acertos, como toda pessoa normal. Entretanto, não teve um final à altura dos seus méritos, razão por que, evidentemente, não saiu com o aplauso da nação. Era, sem dúvida, um temperamento impulsivo, mas um homem bom. Acredito que os seus amigos, a esta hora, sentem a sua falta e pedem a Deus pela sua alma".

José Carlos Dias, 60, ministro da Justiça do governo FHC: "Dele prefiro lembrar o lado bom. Foi sensível ao clamor da sociedade civil, que exigia a anistia. Com isso, foi dado um passo importante para a redemocratização".

Aureliano Chaves, 70, vice de Figueiredo: "Minhas ocasionais divergências com Figueiredo nunca afetaram o apreço que tinha por ele. Era um apreço decorrente da sua extraordinária vocação de homem voltado para os interesses do Brasil. Do ponto de vista histórico, foi o presidente da República que tomou a iniciativa de pacificação nacional ao implementar o processo de anistia política ampla. Ele não guardava ódio no seu coração e reconciliou o país com a vida democrática".

Jarbas Passarinho, 79, líder do governo no Senado (1979-80) e ministro da Previdência e Assistência Social (1983-84): "Por trás da carapaça era, no fundo, um homem muito generoso e sofrido fisicamente -tinha um problema na formação dos cílios, que irritavam suas córneas permanentemente, e também sofreu de hérnia de disco e, depois, enfrentou problemas de coração. Suas declarações, famosas, de que "lugar de brasileiro é no Brasil", desencadearam todo o processo de anistia. Ele enfrentou, até o último momento, os bolsões radicais que se opunham à abertura".

Nelson Marchezan, 61, líder do governo Figueiredo na Câmara (1979-80 e 1983-84): "Era um homem sensível aos problemas sociais. Ele não sentia cansaço, não sentia dores lombares nem irritação nos olhos quando estava em contato com o povo. Exercitou como poucos a democracia".

Francisco Dornelles, 64, ministro do Trabalho do governo FHC e secretário da Receita Federal no governo Figueiredo: "Ele teve um papel fundamental no processo de abertura. Era um homem de palavras rudes, mas de um coração enorme, que vivia muito os problemas dos outros".

Newton Cruz, 75, general da reserva, foi chefe da Agência Central do SNI e comandante militar do Planalto no governo Figueiredo: "Tinha pelo presidente uma amizade profunda, nascida de um respeito e uma profunda admiração. A redemocratização do país se deve exclusivamente a ele. Foi o maior democrata que conheci em vida no Brasil. Se a democracia não é hoje o que ele sonhou, não é por culpa dele. Era um escravo do seu jeitão".

Fernando Collor de Melo, 50, ex-presidente da República (1990-92): "Morre o último presidente do regime militar e aquele a quem devemos a anistia política e a transição democrática."

Paulo Maluf, 68, ex-governador de São Paulo (1979-83): "Figueiredo governou o Brasil e levou o país à abertura política".

Leonel Brizola, 77, presidente do PDT e ex-governador do Rio (1990-94): "A história fará justiça a Figueiredo, tanto ao enorme esforço que realizou para que se encerrasse o período discricionário, como a despeito a pressões e armadilhas que se colocaram em seu caminho".

Luiz Inácio Lula da Silva, 53, líder petista e ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (1975-81): "Minha convivência política com ele não foi das melhores. Em seu governo, pela primeira vez os militares se meteram com as greves. Não é legal falar mal de quem já morreu. Deixe que os amigos falem bem".

José Dirceu, 53, deputado federal (SP) e presidente do PT: "Não deixa boas lembranças. Seu governo foi medíocre, cinzento. Por outro lado, não houve retrocesso, o que seria ainda pior. O Riocentro é uma nódoa para as Forças Armadas e deixou uma divida com o país, acobertado com seu apoio. Foi dos piores presidentes do regime militar, só comparado a Costa e Silva".

José Arthur Giannotti, 68, filósofo: "Você se lembra da última frase dele ao sair do governo? "Esqueçam de mim". Eu me esqueci dele."

Leôncio Martins Rodrigues, 65, cientista político: "O que marca a gestão do último general no governo federal, e talvez seu grande mérito, foi facilitar a transição do regime militar para a democracia e a passagem do poder para as mãos dos civis. A personalidade e o estilo rudes e autoritários não pareciam adequados para essa tarefa. Mas essas características, paradoxalmente, acabaram sendo positivas a transição. Aumentavam sua legitimidade dentro das Forças Armadas e faziam dele alguém de confiança, insuspeito de simpatias pela esquerda."



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