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No Fórum Social, ministro se contrapõe a debatedores e critica proposta de suspensão do pagamento da dívida externa por países pobres
Dirceu defende taxa social sobre capital
PLÍNIO FRAGA
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
O ministro-chefe da Casa Civil,
José Dirceu, defendeu ontem a taxação do fluxo do capital financeiro internacional. "É uma taxa
que seria usada para o combate à
fome e à miséria no mundo", declarou o petista.
Dirceu participou de uma "mesa de diálogo e controvérsia" no
Fórum Social Mundial em que o
tema era a crise econômico-financeira mundial.
Bastante aplaudido pelas cerca
de 1.500 pessoas presentes ao ginásio de esportes Gigantinho,
anexo ao Estádio do Beira-Rio,
Dirceu posicionou-se de forma
mais conservadora do que os demais debatedores.
Num dos momentos mais
aplaudidos da discussão, a parlamentar argentina Alicia Castro
defendeu a suspensão do pagamento da dívida externa por parte
dos países pobres. Foi apoiada pelo ugandense Yashpal Tandon,
integrante de uma organização
não-governamental africana.
"Suspender o pagamento da dívida externa levará à suspensão
do pagamento da dívida interna,
o que significa prejudicar também os poupadores internos.
Consequentemente, além de aumento da inflação e do desemprego, essa medida não trará unidade
nacional. Significa desligar o país
do circuito financeiro internacional. Não é viável nem politicamente", contra-argumentou Dirceu a uma platéia silenciosa.
"Não adianta pagar e abrir mão
de investimento sociais e de definir uma política nacional própria.
Não se tratar de obter dólares do
sistema financeiro internacional.
Mas de parar com que levem os
dólares que produzimos", rebateu Castro.
Dirceu também defendeu o diálogo com os Estados Unidos, criticado por sua preponderância política, econômica e militar.
"Não é uma boa política o confronto ideológico com os americanos. O Brasil já tem um contencioso enorme comercial, diplomático e militar. Discordamos deles sobre a Colômbia, sobre Cuba,
sobre o Protocolo de Kyoto [que
prevê redução da emissão de gases poluentes], sobre o Tribunal
Penal Internacional. A margem
de manobra não é grande", afirmou o ministro da Casa Civil.
O ponto comum entre os debatedores -entre os quais ainda estavam Eveline Herfkens (coordenadora de metas de desenvolvimento da ONU), Mark Weisbrot
(de uma ONG dos EUA) e Patrick
Viveret (ONG francesa)- foi a
condenação da guerra contra o
Iraque. "É uma aventura. Não se
pode dizer o que acontecerá no lado econômico e político", analisou o ministro brasileiro.
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