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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ ACORDÃO NO AR?
Base e oposição avaliam que relator extrapolou ao dizer que nome do presidente estaria em parecer
Lula questiona Delcídio sobre citação em relatório
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva chamou ontem pela manhã
o presidente da CPI dos Correios,
senador Delcídio Amaral (PT-MS), ao Palácio do Planalto para
questioná-lo a respeito da intenção do relator, deputado Osmar
Serraglio (PMDB-PR), de citá-lo
no documento final da comissão.
Serraglio afirmou no início da
semana que vai incluir o presidente Lula no relatório por ele ter
sido, na sua opinião, "negligente"
em relação ao escândalo do
"mensalão". Ele ressaltou, no entanto, que não vai responsabilizar
o presidente pelo suposto esquema de corrupção.
As declarações do relator não
foram bem recebidas entre integrantes da CPI. A avaliação dos
parlamentares tanto da base aliada como da oposição é que Serraglio extrapolou. As articulações
são no sentido de poupar o presidente Lula no relatório final.
"Estou conversando com vários
líderes [partidários] no sentido de
construir um relatório que não seja frágil mas também que não exagere na dose em cima de constatações que não ocorreram", afirmou Delcídio, que é líder do PT
no Senado.
Ele negou, no entanto, que o
presidente o tenha questionado a
respeito do assunto.
"O Osmar foi mais duro do que
a própria oposição", disse um
parlamentar oposicionista que integra a CPI dos Correios.
O líder do governo, senador
Aloizio Mercadante (PT-SP), participou ontem, por cerca de dez
minutos, da reunião. Ele teria se
queixado da pressão da oposição
para citá-lo no relatório final como contraponto à inclusão do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) no documento.
Em depoimento à CPI em agosto passado, o publicitário Duda
Mendonça afirmou que houve
caixa dois nas campanhas petistas
das eleições de 2002.
Ele montou um pacote para o
partido naquele ano incluindo as
campanhas do presidente Lula, de
José Genoino ao governo de São
Paulo, de Mercadante ao Senado e
de Benedita da Silva para o governo do Rio de Janeiro.
Duda afirmou, no entanto, que
emitiu notas fiscais para a campanha presidencial, excluindo o presidente Lula da irregularidade.
Ele também procurou isentar
Mercadante, alegando que o
custo do serviço prestado para o
senador teria sido baixo, já que
sua agência de marketing político
já tinha uma estrutura montada
no Estado.
Já Azeredo admitiu à CPI ter
utilizado caixa dois em sua campanha à reeleição ao governo de
Minas, em 1998. A fonte dos recursos teria sido o publicitário
Marcos Valério de Souza -mesmo esquema utilizado pelo PT.
Azeredo deixou a presidência do
partido depois do episódio.
Mercadante negou que tenha
falado sobre CPI dos Correios no
Palácio do Planalto ontem. Ele
afirmou, no entanto, que o presidente Lula quis saber o horário do
depoimento do ministro Antonio
Palocci (Fazenda) marcado para
hoje na CPI dos Bingos.
Em novembro, Palocci prestou
esclarecimentos na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) a
respeito de supostas irregularidades na sua gestão à frente da Prefeitura de Ribeirão Preto (SP) e o
presidente Lula teria assistido ao
depoimento até o final, de madrugada, de acordo com parlamentares que se reuniram com ele nos
dias subseqüentes.
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