São Paulo, quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

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CASO SANTO ANDRÉ

Ministério Público não acredita na versão de rapaz, que assumiu crime

Polícia captura acusado de matar Daniel

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Acusado pela Polícia Civil de ser o autor dos disparos contra o prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), em janeiro de 2002, L.N., o Lalo, foi capturado ontem, após sete meses foragido da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor). Abordado a 50 metros da casa dos pais, em Capão Redondo, Lalo reafirmou sua versão de 2002, quando participou de reconstituição do crime.
Disse que deu oito tiros em Daniel, quando o prefeito estava de costas. Apesar da confissão, o Ministério Público diz estar seguro de que Lalo não participou do seqüestro nem da execução.
"Em dois momentos, o adolescente apresentou 13 versões diferentes. Diz que atirou, depois que foi coagido a admitir o crime. Em outras ocasiões, diz que nem estava no local e depois afirma ter conduzido Daniel ao local", diz o promotor Roberto Wider Filho.
A descrição de Lalo na reconstituição do crime, reiterada ontem, diverge do laudo feito pelo médico legista Carlos Delmonte Printes, morto em outubro de 2005.
Em depoimento ao Ministério Público, Lalo não reconheceu Daniel em foto. Por isso, o jovem foi excluído da denúncia (acusação formal à Justiça). "Ele mente quando assume ter atirado em Daniel", diz Wider.
Lalo foi recapturado às 21h30 de anteontem, quando estava em um ponto de ônibus. Foi seguido pelo investigador-chefe do setor de Investigações Gerais Ronaldo Marcos Nogueira e pelo policial Valdir Rosa. Outros dez policiais estavam espalhados pela região.
Lalo não reagiu e assumiu os disparos. A casa de seus pais estava sob vigilância há 30 dias, por 24 horas, por 15 policiais à paisana, em operação coordenada pelo chefe dos investigadores da seccional de Taboão da Serra, Ivan Jeronimo da Silva e pelo delegado Erasmo Pedroso Filho.
Por ter assumido o assassinato de Daniel, Lalo, então com 17 anos, cumpriu pena socioeducativa na Febem, em semi-internação -pela manhã, saía para cursar a faculdade de Educação Física. Ontem, disse que ficou desmotivado para o curso porque perdeu o ano e a bolsa de estudos.
O jovem afirmou que, no dia em que deixou a Febem, foi procurado em casa por homens armados, supostamente ligados a um dos sete presos pelo crime. Ontem, Lalo voltou à Febem, onde deve ficar até 4 de fevereiro, quando faz 21 anos e deve ser solto.


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