DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Depoimentos de representantes do fundo Real Grandeza (Furnas) reforçaram ontem as suspeitas da CPI dos Correios de que houve ingerência política nas entidades de previdência patrocinadas por estatais. A comissão apontou ainda o que classificou como "investimentos de risco" do fundo: aplicações na ordem de R$ 181 milhões, entre 2003 e 2004, nos bancos BMG e Rural, envolvidos no "valerioduto".
A CPI pretende aprovar requerimento de convocação de Marcelo Sereno, ex-assessor da Casa Civil. Ele é apontado como responsável por indicações na composição das direções de fundos.
Em depoimento anteontem à CPI, um ex-diretor do Nucleos (fundo das estatais nucleares) chegou a admitir ter se reunido com empresários a pedido do ex-assessor da Casa Civil.
Segundo o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), sub-relator de fundos de pensão, há ainda indícios de interferência de Sereno no Prece (fundo de pensão da companhia de saneamento do Rio), no período em que Benedita da Silva (PT) governou o Estado, em 2002.
Sereno afirmou que não tinha influência sobre as indicações de diretores dos fundos das estatais.
Foram ouvidos ontem na CPI o ex-diretor de investimentos da Real Grandeza Jorge Luiz de Freitas e o atual, Ermindo Cecchetto.
O sub-relator da CPI afirmou que os investimentos de R$ 181 milhões feitos pelo fundo nos bancos Rural e BMG, entre 2003 e 2004, representam 54% de tudo o que foi aplicado em bancos pelo fundo naqueles dois anos.

CPI em Nova York
A CPI dos Correios conseguiu marcar uma audiência, na próxima terça-feira, com o procurador-chefe de Nova York, Robert Morgenthau, e com o promotor de Justiça de Nova York Adam Kaufmann para solicitar o acesso à movimentação financeira de Duda Mendonça no exterior.
Viajarão o relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), e os deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ) e Maurício Rands (PT-PE). (CONRADO CORSALETTE)


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