São Paulo, quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

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China vira fantasma na geopolítica

DOS ENVIADOS ESPECIAIS A DAVOS

Nicholas Billotti, presidente da Turner Constructions, a maior empresa norte-americana de construção, conta que vê a China muito mais como oportunidade do que como ameaça.
"Estamos associados com os chineses em Pequim, Moscou, Angola, Trinidad Tobago. Entramos com o que fazemos melhor [a qualificação técnica] e eles entram com o que fazem melhor [o material, "de qualidade superior, mas barato]". Bernard Yvetot, empresário francês, emenda rápido: "O problema vai ser quando eles começarem a fazer tudo bem", acentuando o "tudo".
Esse diálogo, travado à margem de uma sessão em que se discutia "a emergência da China e da Índia", é revelador das dimensões que vai tomando um fantasma chamado China para a elite empresarial do mundo.
Por mais que Billotti veja mais oportunidades que ameaças na China, ele também conta que, hoje, os chineses já fornecem 60% de todo o material de construção consumido no planeta. Em qualquer discussão em Davos, aparecem números igualmente espetaculares sobre a explosão da China.
O fantasma chinês, já conhecido na economia, começa a escorregar para o território político, a ponto de um dos moderadores do debate matinal sobre a economia global, ter ousado perguntar aos economistas presentes se Japão e Europa estavam deixando de ser "atores globais", na medida em que todas as exposições desenhavam um mundo bipolar, dividido entre EUA, claro, e China.
Min Zhu, vice-presidente executivo do Banco da China, foi diplomático. Elogiou a "evidente recuperação do Japão", mas não deixou de espetar: "O papel mundial do Japão está diminuindo".
Piedosamente, ninguém falou da Europa. (CR e MCF)


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