São Paulo, terça, 26 de janeiro de 1999

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PAINEL

Chacina social
Segundo estudo reservado da CNI (Confederação Nacional da Indústria), a crise do real pode fazer o índice de desemprego do IBGE atingir 12% até o fim do 1º semestre. Em novembro de 98, a taxa era de 7,04%. Quando FHC assumiu, janeiro de 95, 4,42%.
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Aliados em alerta
PFL e PMDB desconfiam que há articulação tucana para tomar conta do governo. Temem perder espaços. ACM, que andava quieto à espera de que a reeleição para o Senado fosse sacramentada, saiu em defesa de Malan.

O fracasso subiu à cabeça
Segundo um cacique peemedebista, o PSDB tenta vender a FHC que a hora é do "tudo ou nada". O problema, ironiza, é que essa estratégia sempre é vendida como se fosse acabar no "tudo", mas em geral acaba no "nada".

Reprise aborrecida
A proposta de pacto feita por FHC não entusiasmou seus aliados no Congresso. O enredo é conhecido: presidentes só tiram o pacto da cartola quando a credibilidade está em baixa. Pelo menos é assim desde Sarney.

Devagar com o andor
O Planalto deve desistir de votar a mudança do regimento da Câmara ainda na convocação extraordinária, o que aceleraria a votação da CPMF. Teme acirrar conflitos e comprometer as votações que faltam do ajuste.

Novidade regimental
A Comissão de Constituição e Justiça do Senado armou uma aprovação "de mentirinha" da reforma política. Se os pareceres não forem votados na atual legislatura, serão mandados para o arquivo. A idéia é aprovar amanhã sob o compromisso de recomeçar tudo em fevereiro.

Dolarização em expansão
Henrique Alves (PMDB-RN) se hospedou em um hotel de SP na semana passada e recebeu a conta: US$ 255. Perguntou à gerência se estavam pagando salários em dólar. "O governo tem de cortar o mal pela raiz. Se permitir uma picaretagem dessa, haverá um efeito multiplicador."
Dança das cadeiras
A esquerda, que apóia a reeleição de ACM para dirigir o Senado, deve indicar um nome do PSB para 2ª vice-presidência, no lugar de Júnia Marise (PDT-MG), que não se reelegeu. Antônio Carlos Valadares (SE) e Ademir Andrade (PA) disputam. O PMDB, com a não-reeleição de Flaviano Melo (AC), deverá pôr Nabor Jr. (AC) na 3ª secretária. E ainda quer tirar vaga do PPB.

Alta tensão
FHC conversou ontem com interlocutores usuais de modo exaltado. Estava contrariado com a proposta de Tarso Genro (PT), feita em artigo na Folha, para renunciar e convocar eleições. Analisa fazer um discurso duro, criticando "o golpismo", em solenidade nesta semana.

Lente cor-de-rosa
O Planalto desencadeou ofensiva de mídia para tentar conter as críticas ao governo após a brutal desvalorização do real. Ministros, parlamentares e embaixadores estão convocados a tentar espalhar que a crise não é tão grave como parece. O governo anuncia ainda planos como se não fosse esse o seu trabalho.

Não caíram na real
Apesar do desastre com a moeda, FHC e colaboradores íntimos continuam a desqualificar os críticos. Substituíram os "neobobos" e "fracassomaníacos" por "aqueles que querem ou que torcem pela volta da inflação".

Ameaça comportamental
O único objetivo da inclusão na convocação extraordinária do Congresso do projeto de parceria civil entre pessoas do mesmo sexo foi cumprido: dar ao governo os votos das bancadas evangélica e católica radical em troca da não votação da matéria.

Duelo peemedebista
O governador José Maranhão (PB) acirrou a briga com o senador Cunha Lima. Sancionou lei que redistribui o ICMS entre as prefeituras. João Pessoa e Campina Grande, as maiores e controladas pelo grupo de Lima, foram as que mais perderam.

TIROTEIO

De Cacá Rosset, sobre Aldo Rebelo (PC do B), que chamou o ator e diretor de "palhaço" por ter dito que o governador Itamar Franco (MG) "é um tolo":
- Faço palhaçada nos palcos e nos picadeiros. Ao contrário do nobre deputado, que faz palhaçadas no Congresso.
De Aldo Rebelo:
- A crise dos Estados não é palco nem picadeiro. Enquanto não acha emprego, ele bem que poderia procurar uma outra forma de agradar FHC.

CONTRAPONTO

Melhor do que o original
Um grupo de empresários pernambucanos encontrou, dias atrás, o vice-presidente do PFL, José Jorge, na praia de Porto de Galinhas. O deputado estava acompanhado de amigos, entre eles, o advogado Geraldo Magela, que é muito parecido com o secretário da Receita, o pernambucano Everardo Maciel.
Um dos empresários perguntou a José Jorge se Magela não era Maciel. O deputado disse que sim. Depois, avisou Magela:
- Estão te confundindo com o Everardo Maciel, aja como ele.
Quando um dos empresários puxou papo com Magela, ele aproveitou uma deixa e disse:
- Olha, nós vamos apertar a fiscalização. Não vamos dar moleza. A palavra de ordem é aumentar a arrecadação. Há muita gente sonegando.
O empresário levou um susto:
- Que sonegação? Com essa crise, não tem nem faturamento!
Magela foi inflexível:
- Então, além de sonegadores, vocês são incompetentes!



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