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Pasta da Segurança recebe críticas
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A primeira proposta concreta
de campanha do senador José
Serra, pré-candidato à Presidência pelo PSDB, de criar o Ministério da Segurança Pública, foi considerada ineficiente para resolver
o problema da criminalidade no
país, segundo cinco especialistas
da área ouvidos pela Folha.
Para José Carlos Dias, advogado
criminalista e ex-ministro da Justiça de FHC, não há vantagem na
proposta de Serra. O essencial, segundo ele, é a vontade política para alterar o atual cenário de violência. "Embora conhecendo as
boas intenções de Serra, com
quem troquei idéias recentemente sobre segurança pública, indiscutivelmente o Ministério da Justiça é quem tem a função de cuidar da segurança: a Polícia Federal, a coordenação das polícias estaduais, o sistema penitenciário,
tudo isso deve estar enfeixado no
ministério que já existe", disse.
O ex-ministro disse que, para
enfrentar o tema, é preciso dar
mais força ao Ministério da Justiça, não enfraquecê-lo, como ocorreu, segundo ele, na gestão de José
Gregori, que o sucedeu no cargo.
Na mesma linha, o criminalista
Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, ex-secretário da Segurança Pública de São Paulo, disse que vontade política é a principal arma
para combater o crime.
"É uma medida absolutamente
desnecessária. No Brasil, infelizmente, temos o hábito de tentar
resolver tudo de maneira emergencial, por meio da constituição
de comissões ou da criação de outros órgãos", afirmou.
Segundo Mariz de Oliveira, esses caminhos são equivocados,
especialmente quando o assunto
é segurança. "É claro que o governo federal tem, tal como a sociedade, uma participação grande,
mas não há nenhuma necessidade de se criar um ministério, coisa
que não ocorreu até hoje".
Para o advogado, o governo
sempre agiu como bombeiro apagando incêndios, mas sem resolver a questão de forma séria.
"Quando os crimes aumentam ou
quando alguns fatos chamam a
atenção da opinião pública, o governo procura, de forma muito
desordenada, criar soluções mágicas, como a deste candidato.
Mas se esquece que diariamente
pessoas anônimas são mortas e
sequestradas", disse Mariz.
"Eleitoreira"
Para o presidente da seção paulista da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Carlos Miguel
Aidar, a idéia de Serra é "eleitoreira". "É mais uma palavra eleitoreira do que qualquer outra coisa.
É óbvio, a segurança será um dos
temas para os candidatos desta
eleição. Mas o que precisa ser feito, todo mundo sabe: investir na
polícia, em equipamentos e em
recursos para tentar atenuar a criminalidade", disse Aidar.
Para o procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo, José
Geraldo Filomeno, falta uma política nacional de segurança pública, aplicada com continuidade.
"A preocupação com a segurança
deve ser permanente. É preciso
pensar na integração das Polícias
Militar e Civil e em uma melhor
articulação entre os governos federal, estadual e municipal."
A criação de uma pasta específica para o tema da segurança, segundo o presidente da associação
Juízes para a Democracia, Ary Casagrande, coloca em xeque a atuação do Ministério da Justiça. "Será
que o atual órgão não vem atuando adequadamente no combate à
violência? Se não for isso, que o
senador se explique melhor."
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