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Mensalão mineiro gera ação contra 11 réus
Justiça estadual aceitou denúncia contra os acusados, que responderão pelos crimes de lavagem de dinheiro e peculato
Entre os envolvidos estão o publicitário Marcos Valério e o ex-ministro Walfrido dos Mares Guia; acusações contra Azeredo estão no STF
BRENO COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
A Justiça de Minas Gerais
aceitou denúncia contra 11 acusados de participação no valerioduto tucano, suposto esquema de desvio de recursos públicos e financiamento irregular
de campanha eleitoral. Segundo a Procuradoria-Geral da República, o caso serviu de "laboratório" para o mensalão do PT.
O suposto esquema, de acordo com a acusação, abasteceu
ilegalmente, em 1998, a derrotada campanha à reeleição do
ex-governador mineiro e hoje
senador Eduardo Azeredo
(PSDB) por meio de desvio de
recursos de empresas estatais e
empréstimos fictícios obtidos
por agências do publicitário
Marcos Valério, apontado como operador do mensalão.
A decisão da juíza da 9ª Vara
Criminal de BH, Neide da Silva
Martins, tomada na terça-feira,
transforma em réus, entre outros, Walfrido dos Mares Guia,
ex-ministro das Relações Institucionais do governo Lula, Clésio Andrade, presidente da
CNT (Confederação Nacional
do Transporte), e o ex-tesoureiro tucano Cláudio Mourão,
além de Marcos Valério.
Eles responderão por lavagem de dinheiro e peculato
(desvio de recursos públicos).
Segundo a denúncia, os quatro
e Azeredo formaram a "cúpula"
responsável pela "decisão de
implantar o esquema".
Por ser o único com foro privilegiado, as acusações contra
Azeredo correm no STF (Supremo Tribunal Federal). Em
dezembro passado, a corte
aceitou a denúncia contra ele,
pelos mesmos crimes. Ele sempre negou as acusações.
A aceitação da denúncia não
significa o reconhecimento dos
crimes. Nessa fase, é analisada
somente a existência de indícios que justifiquem a abertura
de um processo criminal.
Como o processo está sendo
iniciado mais de 11 anos depois
dos supostos crimes, parte dos
advogados dos réus acredita
que, numa eventual condenação, as penas podem estar prescritas. De fato, para uma condenação de até oito anos de reclusão, a pena já estará prescrita.
Uma das principais provas
iniciais do caso, apresentada
em 2005, foi a chamada "lista
do Mourão", com detalhes da
suposta contabilidade da campanha eleitoral de 1998, em que
ficava evidenciado um caixa
dois de R$ 91,5 milhões e a existência de um pagamento de R$
4,5 milhões feito pela SMPB
Publicidade a Eduardo Azeredo, por intermédio de Mourão.
Para o Instituto Nacional de
Criminalística, o documento,
assinado pelo ex-tesoureiro, é
autêntico. Mas o então coordenador financeiro da campanha
diz que a lista é forjada.
Em 1998, Walfrido era o
coordenador-geral da campanha de Azeredo, e Clésio Andrade era o vice na chapa do ex-governador. Andrade já havia
sido sócio de Valério nas agências envolvidas no caso.
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