São Paulo, Sexta-feira, 26 de Março de 1999
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PAINEL

Novela mexicana

Maluf deixou claro a aliados que radicalizará o discurso de que foi traído por Pitta. Tem lembrado que, para eleger o pupilo, em 96, fez carreatas contra orientação médica, sabendo que tinha tumor na próstata. Como se o interesse fosse só de Pitta.

Divórcio antecipado

O PPB esperava a saída do prefeito Pitta da legenda, mas só no 2º semestre, às vésperas do fim do prazo de filiação para a eleição do ano que vem. A hora foi ruim para a legenda, que está na mira da CPI da propina em SP.

Rejeitado de antemão

Ao ouvir que Celso Pitta poderia ir para o PTB após deixar o PPB, o líder do partido na Câmara, o collorido Roberto Jefferson, discursou dizendo que a Executiva descartava a possibilidade.

Recorrendo aos vizinhos

A embaixada do Reino Unido pediu à do Brasil que responda por ela enquanto durar o ataque da Otan. O posto do Itamaraty ficou com as chaves do prédio britânico e algum dinheiro. Ontem, tentava ajudar um casal de ingleses a deixar a Iugoslávia.

É bom saber

O jeito mais fácil de irritar o novo presidente da Petrobrás é chamá-lo de ""francês naturalizado brasileiro". É o adjetivo que mais incomoda Henri Philippe Reichstul, cuja família é de origem polonesa. Diz preferir até ser chamado de ex-banqueiro.

Receita francesa

Do diretor do ""Le Monde Diplomatique", Bernard Cassen, no programa ""Roda Viva", que vai ao ar na próxima segunda: ""É preciso mostrar aos brasileiros que os bancos americanos fizeram fortuna especulando contra o real. Seu eu fosse deputado, faria lei para taxar esses lucros escandalosos de especuladores brasileiros e estrangeiros".

Passando recibo

Lula mandou um bilhete composto de vinte versos de músicas de Chico Buarque ao compositor, que declarou à Folha duvidar de que o petista ""goste tanto" de sua música. Hoje, Lula vai ao show de Chico em São Paulo.


Impasse governista

A proposta de criação da CPI do Judiciário tomou um rumo inesperado para o Planalto: a decisão do PMDB de exigir em troca a reabertura da CPI do sistema financeiro. Não interessa a FHC. O PSDB foi acionado para barrar a manobra peemedebista.

Briga por cargos

O PMDB se sente ensanduichado entre PFL e PSDB na aliança governista. Embora venha dando os votos que o governo precisa, o partido julga que não é correspondido por FHC. Exemplo: levou a Secretaria de Políticas Regionais, mas os cargos (na Sudene) foram para o PFL.

Dedo na ferida

Originalmente, a CPI do sistema financeiro era apuraria o socorro do governo aos bancos. Mas não é isso que o PMDB tem em mente agora. O objetivo do partido é a fuga de dólares e o lucro dos bancos na recente crise. É tudo o que FHC não quer.

Um peso, duas medidas

Argumento a ser empregado pelos tucanos para atropelar a CPI do sistema financeiro: não existe fato determinado que justifique a sua criação. É a mesma crítica feita ao requerimento de ACM para investigar a Justiça.

Picuinha pefelista

ACM pretende sugerir o nome de Jorge Bornhausen (SC) para integrar a CPI do Judiciário. O presidente do PFL apoiou a criação da comissão de inquérito com o mesmo entusiasmo do restante do partido: nenhum.

Picuinha peemedebista

Sarney se esquivou de assinar o requerimento de ACM, contrariando decisão da bancada do PMDB. Tem troco à vista: a bancada pensa em indicá-lo para presidir a comissão, se ela couber ao partido. "Ele é ponderado e responsável", diz um senador.

Visita à Folha

Claudio Haddad, diretor-presidente do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais), visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço.

TIROTEIO

De Luiz Marinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, sobre FHC ter dito à Folha que vetará a indexação dos salários, se a medida vier a ser aprovada pelo Congresso:
- O problema é a inflação. Se ele fizer a parte dele, não tem indexação. Se ele não fizer e tiver inflação, nós vamos atrás. Tendo lei ou não.

CONTRAPONTO

A ficha custou a cair
A cúpula do PMDB da Câmara é bem unida. Em 97, Michel Temer (SP), que ganhara duas canetas de marca famosa, deu uma a Henrique Alves (RN). Quando Geddel Lima (BA) soube, ficou com ciúme. Logo depois, viajaram todos para Paris, onde Temer comprou um relógio barato.
Alves detonou o relógio, mas propôs a Temer que pregassem uma peça em Geddel. Alves, que comprara um relógio caríssimo, colocou o de Temer dentro do estojo. E soprou no ouvido de Geddel que Temer, sabendo que ele ficara chateado por não ter ganho a caneta, o presentearia.
Geddel ficou louco. Mandou a mulher comprar um presente para Temer. No quarto de Geddel, Temer discursou, sério:
- Amigo, esse dia será lembrado por seus filhos e netos...
Geddel abriu o presente e ficou desapontado. Mas, devido à embalagem, fingiu que gostou. Alguém riu. E Geddel, percebendo a trama, falou com a mulher:
- Não dá o presente! Não dá...

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