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CHOQUE ENTRE PODERES
ACM obtém apoio de 53 senadores para instalar comissão
Senado aprova CPI para
investigar o Judiciário
da Sucursal de Brasília
O Senado aprovou ontem a abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar
casos de corrupção, nepotismo e a
prática de outras irregularidades
no Poder Judiciário.
Seu autor, o presidente do Congresso, senador Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA), ouviu mais
ressalvas que apoios incondicionais à sua proposta. E seu discurso,
que durou uma hora e oito minutos, recebeu aplausos tímidos do
plenário lotado.
Requerimentos para criar CPI
precisam de 27 assinaturas. Até as
19h de ontem, já havia 53 assinaturas (do total de 81 senadores) a favor da CPI. O bloco de oposição,
formado por 14 senadores (PT,
PDT, PSB e PPS), decidiu não assinar o requerimento.
A comissão, agora, precisa ser
instalada, o que pode não ocorrer.
Ela pode ser considerada inconstitucional, se prevalecer a tese de
que um Poder (Legislativo) não
pode investigar outro (Judiciário).
Às 12h35, quando ACM ainda fazia o pronunciamento no Senado
em defesa da criação da CPI, o STF
(Supremo Tribunal Federal) recebeu a primeira ação contra essa
iniciativa. É uma ação popular
proposta pela Associação Brasileira de Eleitores.
Os presidentes da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), Luiz Fernando de Carvalho, e
da OAB (Ordem dos Advogados
Brasileiros), Reginaldo de Castro,
disseram que estudam a possibilidade de pedir ao STF que impeça a
instalação da CPI.
A CPI pode ainda parar no arquivo do Senado caso os partidos se
recusem a indicar seus membros
para a comissão. Foi o que o PMDB
ameaçou, ao definir seu apoio pela
criação da comissão.
O presidente do PMDB, senador
Jader Barbalho (PA), disse que o
partido só indicará seus membros
para a comissão caso o Senado
apóie a volta das CPIs do sistema
financeiro e das empreiteiras, arquivadas na última legislatura.
Um dado conta a favor da CPI
defendida por ACM. Ela é a primeira da lista no Senado nesta nova legislatura. Ou seja, não precisa
entrar na fila, um artifício usado
pelos governistas para atrasar ou
arquivar CPIs indesejáveis, como
as reivindicadas por Barbalho.
Segundo o requerimento, a CPI
terá um orçamento de R$ 30 mil,
contará com 11 membros titulares
e 6 suplentes e funcionará por 120
dias com direito a prorrogação.
Terá de apurar licitação e contratação de obras e serviços sem observância das normas legais, emprego irregular de recursos públicos, nepotismo e nomeações irregulares, corrupção passiva e concussão (extorsão ou peculato) praticadas por magistrados e vultosas
indenizações arbitradas em juízo.
Entre as ressalvas feitas pelos senadores, estão a falta de um fato
determinado, o poder que a CPI terá para convocar juízes ou quebrar
sigilos bancário e telefônico e a eficiência da apuração, já que as conclusões de uma CPI são obrigatoriamente enviadas ao Ministério
Público Federal.
A principal dúvida, no entanto,
foi levantada pelo senador Pedro
Simon (PMDB-RS). O artigo 146
do regimento interno do Senado
proíbe que sejam abertas CPIs para investigar atribuições do Judiciário. "Não vamos entrar nas atribuições da Justiça. Superfaturar e
roubar não são atribuições da Justiça. São mazelas que mancham a
Justiça", afirmou ACM.
Jader disse que, na segunda-feira, vai recolher assinaturas para
resgatar as CPIs do sistema financeiro e das empreiteiras.
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