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CHOQUE ENTRE PODERES
Nota do presidente do STF não comenta decisão do Senado
Supremo ignora CPI, mas
apóia "fiscalização social"
SILVANA DE FREITAS
da Sucursal de Brasília
O presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), ministro Celso
de Mello, divulgou na noite de ontem uma nota em que defende a
"fiscalização social" da magistratura e a punição dos responsáveis
por irregularidades nos tribunais,
mas não se referiu diretamente à
CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) aprovada pelo Senado.
"Não tem sentido subtrair-se a
magistratura ao âmbito da incidência da fiscalização social como
se ela, por constituir um universo
supostamente diferenciado, fosse
uma instância de poder imune a
críticas, infensa a erros ou insuscetível de desvios e abusos", afirma a
nota do presidente do STF.
"A independência do Poder Judiciário, que é essencial para a preservação das liberdades públicas e
dos direitos individuais e coletivos, não será atingida pelo fato de
os cidadãos exigirem que o aparelho judiciário se exponha a uma
ampla fiscalização social", diz.
"Entendo que situações de ilicitude, abusos funcionais, desmandos administrativos ou transgressões legais podem e devem gerar a
responsabilização daqueles que
eventualmente tenham incidido
em tais comportamentos irregulares", continua o documento.
Um ministro do STF, ouvido pela
Folha, que pediu para não ser
identificado, disse apenas que não
via fatos concretos que justificassem a investigação. Outros três ministros do STF foram procurados
pela Folha, mas se recusaram a comentar a aprovação da CPI e as denúncias do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
O vice-presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), Almir Pazzianotto, único citado nominalmente nas denúncias de
ACM, disse que o pronunciamento
foi "inconsistente": "O senador
atirou para todos os lados".
"Os tribunais têm autonomia administrativa. Devem ser fiscalizados pelos tribunais de contas (da
União e dos Estados)." Ele sugeriu
que ACM desconhece a legislação:
"A crítica à aplicação da lei deve
ser feita por quem a conhece."
Pazzianotto e ACM travaram um
bate-boca público pouco antes do
senador defender, pela primeira
vez, a instalação da CPI.
ACM havia acusado Pazzianotto
de nepotismo, negado pelo vice-presidente do TST -segundo ele,
seus parentes são concursados.
A Ajufe (Associação dos Juízes
Federais do Brasil) e a Anamatra
(Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho) minimizaram as denúncias de ACM.
"Foi um parto da montanha. Esperava-se grande coisa, mas na
verdade nasceu um ratinho", declarou o presidente da Ajufe, Fernando Tourinho Neto.
"Somos 13 mil juízes (em todo o
Poder Judiciário, inclusive inativos). Desafio quem quer que seja a
conseguir uma centena de casos
irregulares", afirmou a presidente
da Anamatra, Beatriz Pereira.
O presidente da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros),
Luiz Fernando de Carvalho, classificou a CPI do Judiciário como
"cortina de fumaça" para esconder problemas econômicos.
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