São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 2000


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COMEMORAÇÃO
Evento durará 1h30 e terá participação de Daniela Mercury
CNBB quer impedir que missa vire manifestação

PATRICIA ZORZAN
enviada especial a Porto Seguro


A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) pretende impedir que sejam realizadas manifestações políticas durante a celebração da missa dos 500 anos de evangelização, hoje na praia de Coroa Vermelha, em Santa Cruz Cabrália, a aproximadamente 10 km de Porto Seguro.
"O ambiente da celebração será diferente (em relação ao do dia 22). As pessoas estão lá para rezar e não para se manifestar. Não seria o momento. Por isso, as manifestações serão impedidas. É uma questão de respeito", afirmou ontem, em Porto Seguro, o secretário-geral da CNBB, d. Raymundo Damasceno.
A operação de segurança do local será comandada pelo coronel Wellington Müller, o mesmo responsável pela vigilância da comemoração do Descobrimento, no último sábado, que terminou com 141 manifestantes presos e pelo menos 30 feridos levemente.
"Recomendamos a facilidade de acesso do povo ao lugar. Se soubermos de ações violentas, nos colocaremos contra", declarou dom Damasceno.
"A CNBB não pode interferir na segurança. Isso compete à Polícia Militar. Não há sintomas de manifestações, mas, se houver possibilidade de perturbação do ambiente, teremos de atuar", disse o tenente-coronel Cristovam Pinheiro, assessor de comunicação do comando-geral da PM.
Segundo Pinheiro, 500 homens estarão envolvidos no esquema de segurança do local. Desse total, cerca de cem fazem parte do batalhão de choque.
"Eles estarão aquartelados, armados e em condições de serem acionados, caso haja necessidade. Os demais usarão apenas cassetetes. Mas não há expectativa de tumulto. Não fizemos barreiras e todos poderão vir. No dia 22 isso foi feito porque, se os manifestantes tivessem entrado em Porto Seguro, não haveria solenidade."
Por parte da CNBB, de acordo com d. Damasceno, não haverá restrições de público. "Índios e sem-terra serão bem-vindos", afirmou o bispo.
O secretário-geral da entidade disse ainda "lamentar" o confronto entre índios e policiais militares no último sábado.
"Lamentamos e repudiamos o que houve. Rejeitamos toda ação violenta. Faltou ter aproveitado esse momento para um encontro amigo entre as autoridade e as lideranças indígenas", declarou.

Organização
A celebração de hoje, em comemoração aos 500 anos de realização da Primeira Missa no Brasil, será presidida pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Angelo Sodano, segundo homem cúria romana e representante do papa no evento.
Com duração prevista de uma hora e 30 minutos, a missa contará com a participação de índios e negros e será co-celebrada por bispos brasileiros. Daniela Mercury interpretará "Ave Maria no Morro", de Herivelto Martins.
Além de 350 bispos e 2.000 padres, também foram convidados para a cerimônia 17 representantes de igrejas de países como Itália, Canadá, Alemanha, Estados Unidos, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Timor Leste e Portugal, entre outros.
Em um altar de 250 metros quadrados foi montada uma cruz cenográfica de resina de 13 metros de altura. A cruz, assim como toda a infra-estrutura do evento, foi preparada pela Rede Globo.
A estimativa dos organizadores da cerimônia é que entre 50 mil e cem mil pessoas participem da cerimônia, com início previsto para as 9h.
Uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, e uma réplica benzida pelo papa João Paulo 2º da cruz da primeira missa farão parte do evento.
A cruz original, feita de ferro em Portugal e trazida por frades que acompanhavam Pedro Álvares Cabral ao Brasil, encontra-se hoje na catedral da Sé de Braga (Portugal). A CNBB não conseguiu autorização dos portugueses para trazê-la para a missa.
NA TV - Globo, Bandeirantes e Rede Vida, ao vivo, às 9h


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