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GOVERNO
No início da noite, ministro viajou para Santa Cruz Cabrália, na região de Porto Seguro, para missa
PFL pressiona Greca para que deixe cargo
da Sucursal de Brasília
A cúpula do PFL
convocou ontem a
Brasília o ministro
Rafael Greca (Esporte e Turismo)
para convencê-lo a
deixar logo o cargo. Greca mudou
a agenda, interrompeu mais cedo
sua viagem ao Rio, mas negou várias vezes durante o dia que estivesse demissionário.
O ministro embarcou ontem no
início da noite para Santa Cruz
Cabrália, na região de Porto Seguro (BA), onde serão celebrados
hoje os 500 anos da primeira missa rezada no Brasil. Deixou seu
gabinete na Esplanada dos Ministérios dizendo que continuaria no
cargo. Não se sabe até quando.
A substituição de Greca é dada
como certa no Palácio do Planalto. É tratada como uma questão
de horas. FHC espera que o ministro tome a iniciativa de pedir
demissão, mas Greca resiste.
A cúpula do PFL, partido ao
qual o ministro é filiado, entrou
em campo anteontem apoiando
FHC na operação de troca de Greca. Na avaliação dos pefelistas, o
ministro deveria aproveitar a
oportunidade de caracterizar sua
saída como um ato político e não
como consequência de denúncias
de corrupção no ministério e no
Indesp, que é vinculado à pasta.
O partido também negociou
com FHC a indicação de outro pefelista para o cargo, que disporá
de um orçamento de quase R$
500 mil neste ano.
O futuro ministro deverá sair
dos quadros do PFL de Minas Gerais ou de Pernambuco, embora o
Paraná reivindique previamente
uma compensação pela perda de
Greca. A escolha deverá fortalecer
a ala do partido independente do
senador Antonio Carlos Magalhães (BA), que registra dois ministros em sua cota pessoal.
O Ministério do Esporte foi o
que contou com o maior aumento proporcional de verbas durante a votação do Orçamento da
União no Congresso. Parte do dinheiro será investida na construção de quadras esportivas no país,
um projeto de grande apelo, principalmente em ano de eleições
municipais.
Ontem à tarde, o ministro conversou pessoalmente com o vice-presidente Marco Maciel no gabinete do anexo do Palácio do Planalto. Por telefone, Greca falou
com o presidente do PFL, senador
Jorge Bornhausen (SC), que à noite se reuniu com Maciel.
Bornhausen e Maciel evitaram
comentar publicamente a situação de Greca. Ao justificar sua
volta a Brasília -era previsto que
o ministro fosse direto para a Bahia-, Greca disse que teria vindo
para assinar a minuta de uma regulamentação que transfere para
a Caixa Econômica Federal o controle e a fiscalização dos bingos,
antes sob responsabilidade do
ministério.
A permanência do ministro no
cargo está ameaçada desde o ano
passado. Foi abalada por denúncias de corrupção no Indesp (Instituto Nacional do Desenvolvimento do Desporto), órgão responsável pelo controle dos bingos
e de máquinas caça-níqueis.
A Justiça também suspendeu,
por meio de liminar, a construção
de mais de 600 quadras poliesportivas, cujos convênios foram assinados em dezembro do ano passado de forma irregular, segundo
o Ministério Público.
No início do ano, depois de ter
vários auxiliares envolvidos em
""indícios veementíssimos de corrupção", segundo o Ministério
Público Federal, Greca abriu seu
sigilo bancário e mudou a equipe.
As providências não foram consideradas suficientes para lhe garantir sobrevida após o término
das comemorações dos 500 anos
do Descobrimento. O desgaste
continuou e se agravou com a repercussão negativa dos festejos.
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