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INVESTIGAÇÃO
Documento da Emurb sugere superfaturamento, diz Ministério Público
Maluf vai depor sobre obra de 96
da Reportagem Local
O Ministério Público Estadual
vai convocar o ex-prefeito Paulo
Maluf e o ex-secretário de Vias
Públicas de São Paulo Reynaldo
de Barros para depor sobre o
acréscimo de R$ 4,66 milhões feito no pagamento da obra do túnel
Ayrton Senna, em 1996.
Os promotores Luiz Sales do
Nascimento e Paulo Juricic suspeitam que o dinheiro tenha sido
desviado para corrupção.
A principal testemunha dos
promotores até agora é o engenheiro da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização) José Luiz
Godoy Vasconcellos, que coordenou as obras do túnel.
Vasconcellos disse que, em
agosto de 1996, sofreu pressão para alterar, de R$ 23,45 milhões para R$ 28,12 milhões, o pagamento
referente a um serviço de medição. A pressão, segundo ele, teria
sido feita por engenheiros das
duas empreiteiras encarregadas
da obra (CBPO e Constran).
O engenheiro afirmou que não
cedeu porque o acréscimo seria
irregular. "Fui pressionado no
canteiro de obras, verbalmente,
por engenheiros das empreiteiras. As mudanças que eles pediam
não tinham amparo no projeto ou
na realidade", disse à Folha.
Depois de ouvir Vasconcellos
na segunda-feira, os promotores
conseguiram documentos segundo os quais o serviço foi pago, um
mês depois, com o adicional de
R$ 4,67 milhões.
Documentos fornecidos ao Ministério Público pela Emurb mostram o cálculo original do serviço
(R$ 23,45 milhões) e o efetivamente pago (R$ 28,12 milhões).
A liberação do dinheiro está assinada por Reynaldo de Barros,
que na época acumulava a presidência da Emurb.
Os promotores ainda não marcaram data para ouvir Maluf, que
era prefeito à época em que o pagamento foi feito, e Reynaldo de
Barros.
Amanhã, será ouvido Reinaldo
Barbosa Lima, engenheiro da
Emurb que avalizou a mudança
nos cálculos. Também serão chamados a depor engenheiros da
CBPO e da Constran que teriam
pressionado pela mudança no valor, cujos nomes não foram divulgados.
Outro lado
A assessoria do ex-prefeito Paulo Maluf informou ontem que ele
estava em Paris e não tinha conhecimento do caso.
Segundo a assessoria de Maluf,
quem tem de explicar o acréscimo
no pagamento é Reynaldo de Barros, já que a assinatura dele é que
consta no documento de liberação da verba.
Barros disse, por meio de seu
advogado, Floriano de Azevedo
Marques Neto, que o pagamento
dos R$ 4,66 milhões foi regular e
que os cálculos foram feitos por
técnicos idôneos da Emurb.
De acordo com o advogado, o
que existe são divergências técnicas entre Vasconcellos e outros
engenheiros da Emurb.
A assessoria de imprensa da
CBPO informou que a direção da
empreiteira não se pronunciará
até que seja oficialmente informado da investigação.
A Folha ligou para a Constran
às 18h20, mas o expediente já havia terminado.
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