São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 2000


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INVESTIGAÇÃO
Documento da Emurb sugere superfaturamento, diz Ministério Público
Maluf vai depor sobre obra de 96

da Reportagem Local

O Ministério Público Estadual vai convocar o ex-prefeito Paulo Maluf e o ex-secretário de Vias Públicas de São Paulo Reynaldo de Barros para depor sobre o acréscimo de R$ 4,66 milhões feito no pagamento da obra do túnel Ayrton Senna, em 1996.
Os promotores Luiz Sales do Nascimento e Paulo Juricic suspeitam que o dinheiro tenha sido desviado para corrupção.
A principal testemunha dos promotores até agora é o engenheiro da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização) José Luiz Godoy Vasconcellos, que coordenou as obras do túnel.
Vasconcellos disse que, em agosto de 1996, sofreu pressão para alterar, de R$ 23,45 milhões para R$ 28,12 milhões, o pagamento referente a um serviço de medição. A pressão, segundo ele, teria sido feita por engenheiros das duas empreiteiras encarregadas da obra (CBPO e Constran).
O engenheiro afirmou que não cedeu porque o acréscimo seria irregular. "Fui pressionado no canteiro de obras, verbalmente, por engenheiros das empreiteiras. As mudanças que eles pediam não tinham amparo no projeto ou na realidade", disse à Folha.
Depois de ouvir Vasconcellos na segunda-feira, os promotores conseguiram documentos segundo os quais o serviço foi pago, um mês depois, com o adicional de R$ 4,67 milhões.
Documentos fornecidos ao Ministério Público pela Emurb mostram o cálculo original do serviço (R$ 23,45 milhões) e o efetivamente pago (R$ 28,12 milhões).
A liberação do dinheiro está assinada por Reynaldo de Barros, que na época acumulava a presidência da Emurb.
Os promotores ainda não marcaram data para ouvir Maluf, que era prefeito à época em que o pagamento foi feito, e Reynaldo de Barros.
Amanhã, será ouvido Reinaldo Barbosa Lima, engenheiro da Emurb que avalizou a mudança nos cálculos. Também serão chamados a depor engenheiros da CBPO e da Constran que teriam pressionado pela mudança no valor, cujos nomes não foram divulgados.

Outro lado
A assessoria do ex-prefeito Paulo Maluf informou ontem que ele estava em Paris e não tinha conhecimento do caso.
Segundo a assessoria de Maluf, quem tem de explicar o acréscimo no pagamento é Reynaldo de Barros, já que a assinatura dele é que consta no documento de liberação da verba.
Barros disse, por meio de seu advogado, Floriano de Azevedo Marques Neto, que o pagamento dos R$ 4,66 milhões foi regular e que os cálculos foram feitos por técnicos idôneos da Emurb.
De acordo com o advogado, o que existe são divergências técnicas entre Vasconcellos e outros engenheiros da Emurb.
A assessoria de imprensa da CBPO informou que a direção da empreiteira não se pronunciará até que seja oficialmente informado da investigação.
A Folha ligou para a Constran às 18h20, mas o expediente já havia terminado.


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