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São Paulo, sábado, 26 de abril de 2003

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CASO SILVEIRINHA

CPI cita 182 ligações

Telefonemas ligam fiscais a banco suíço

MURILO FIUZA DE MELO
MAURÍCIO THUSWOHL
DA SUCURSAL DO RIO

O relatório preliminar da quebra do sigilo telefônico dos fiscais do Rio investigados pela CPI do "Propinoduto" identificou 182 ligações entre eles e a Coplac Consultoria, Planejamento e Promoções Ltda., entre 1999 e 2002.
A Coplac é representante no Brasil do Discount Bank and Trust Company, atual Union Bancaire Privée, onde oito fiscais estaduais e auditores da Receita fizeram depósitos que somam US$ 33,4 milhões, de acordo com a Procuradoria suíça. Apenas um deles admitiu até agora ser titular de conta na Suíça. Os oito estão presos há dez dias.
Em depoimento à CPI, os sócios da Coplac, Ronaldo Adler e Herry Rosemberg, e os fiscais disseram que não se conheciam.
O campeão de contatos é Carlos Eduardo Pereira Ramos, que foi chefe da Inspetoria de Grande Porte no governo Anthony Garotinho (1999 a abril de 2002), e tem US$ 18 milhões na Suíça. Ramos ligou 64 vezes e recebeu 114 ligações da Coplac. Em 1999, foram 20 ligações feitas e duas recebidas. Os contatos se intensificaram nos anos seguintes: 54 em 2000, 44 em 2001 e 54 em 2002.
A quebra do sigilo de Ramos revelou ainda dez ligações em 1999 (duas) e 2000 (oito) para a Passabra Câmbio e Turismo Ltda, dos empresários Alexandre Martins e Reinaldo Pitta.
Em depoimento à PF, a ex-mulher de Ramos, Valéria Gonçalves dos Santos, contou que um motoboy que trabalhava para os empresários recolhia regularmente com Ramos o dinheiro que era enviado para a Suíça.
O ex-subsecretário de Administração Tributária Rodrigo Silveirinha Côrrea, apontado como suposto líder do esquema de corrupção na Fazenda, ligou duas vezes para a Coplac em 2002. Outro fiscal, Lúcio Manoel Picanço, ligou uma vez e recebeu uma ligação da Coplac no ano passado.
A CPI descobriu ainda que o fiscal Leonardo de Andrade Costa, que até então aparecia superficialmente nas investigações, trocou vários telefonemas com os envolvidos na véspera e no dia da divulgação da existência das contas- em 7 e 8 de janeiro deste ano. Costa foi superintendente de Tributação da Secretaria de Fazenda.
Nos dois dias, Costa ligou três vezes para Silveirinha; duas para Carlos Antônio Sasse, ex-secretário de Fazenda, e oito vezes para David Birman, ex-subsecretário de Receita. Costa ligou também para Fernando Lopes, que substituiu Sasse na Fazenda em 1999.
A CPI descobriu que em 7 e 8 de janeiro Silveirinha, Birman, Sasse e os fiscais Carlos Eduardo Pereira Ramos, Rômulo Gonçalves e Lúcio Manoel Picanço trocaram mais de 50 telefonemas entre si. "Acho que eles se falavam para tentar organizar uma estratégia comum de defesa", disse o presidente da CPI, Paulo Melo.


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