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CASO SILVEIRINHA
CPI cita 182 ligações
Telefonemas ligam fiscais a banco suíço
MURILO FIUZA DE MELO
MAURÍCIO THUSWOHL
DA SUCURSAL DO RIO
O relatório preliminar da quebra do sigilo telefônico dos fiscais
do Rio investigados pela CPI do
"Propinoduto" identificou 182 ligações entre eles e a Coplac Consultoria, Planejamento e Promoções Ltda., entre 1999 e 2002.
A Coplac é representante no
Brasil do Discount Bank and
Trust Company, atual Union
Bancaire Privée, onde oito fiscais
estaduais e auditores da Receita
fizeram depósitos que somam
US$ 33,4 milhões, de acordo com
a Procuradoria suíça. Apenas um
deles admitiu até agora ser titular
de conta na Suíça. Os oito estão
presos há dez dias.
Em depoimento à CPI, os sócios
da Coplac, Ronaldo Adler e Herry
Rosemberg, e os fiscais disseram
que não se conheciam.
O campeão de contatos é Carlos
Eduardo Pereira Ramos, que foi
chefe da Inspetoria de Grande
Porte no governo Anthony Garotinho (1999 a abril de 2002), e tem
US$ 18 milhões na Suíça. Ramos
ligou 64 vezes e recebeu 114 ligações da Coplac. Em 1999, foram
20 ligações feitas e duas recebidas.
Os contatos se intensificaram nos
anos seguintes: 54 em 2000, 44 em
2001 e 54 em 2002.
A quebra do sigilo de Ramos revelou ainda dez ligações em 1999
(duas) e 2000 (oito) para a Passabra Câmbio e Turismo Ltda, dos
empresários Alexandre Martins e
Reinaldo Pitta.
Em depoimento à PF, a ex-mulher de Ramos, Valéria Gonçalves
dos Santos, contou que um motoboy que trabalhava para os empresários recolhia regularmente
com Ramos o dinheiro que era
enviado para a Suíça.
O ex-subsecretário de Administração Tributária Rodrigo Silveirinha Côrrea, apontado como suposto líder do esquema de corrupção na Fazenda, ligou duas vezes para a Coplac em 2002. Outro
fiscal, Lúcio Manoel Picanço, ligou uma vez e recebeu uma ligação da Coplac no ano passado.
A CPI descobriu ainda que o fiscal Leonardo de Andrade Costa,
que até então aparecia superficialmente nas investigações, trocou
vários telefonemas com os envolvidos na véspera e no dia da divulgação da existência das contas-
em 7 e 8 de janeiro deste ano. Costa foi superintendente de Tributação da Secretaria de Fazenda.
Nos dois dias, Costa ligou três
vezes para Silveirinha; duas para
Carlos Antônio Sasse, ex-secretário de Fazenda, e oito vezes para
David Birman, ex-subsecretário
de Receita. Costa ligou também
para Fernando Lopes, que substituiu Sasse na Fazenda em 1999.
A CPI descobriu que em 7 e 8 de
janeiro Silveirinha, Birman, Sasse
e os fiscais Carlos Eduardo Pereira Ramos, Rômulo Gonçalves e
Lúcio Manoel Picanço trocaram
mais de 50 telefonemas entre si.
"Acho que eles se falavam para
tentar organizar uma estratégia
comum de defesa", disse o presidente da CPI, Paulo Melo.
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