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Diretor da PF é convidado a chefiar Ibama
Ministra do Meio Ambiente confirma convite a Paulo Lacerda, que afirma, em nota, ter havido apenas uma "sondagem"
"Projetos importantes não podem passar por cima da legislação", afirma Marina, que negou relação entre as mudanças na pasta e o PAC
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ministra Marina Silva
(Meio Ambiente) confirmou
ontem o convite ao diretor da
Polícia Federal, Paulo Lacerda,
para presidir o Ibama. Alvo de
pressões contra o atraso no licenciamento de duas usinas hidrelétricas na Amazônia, Marina negou relação entre as mudanças no ministério e as obras
do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
"As mudanças não podem ser
associadas a coisas conjunturais", disse a ministra, numa referência à demora no licenciamento das hidrelétricas Santo
Antônio e Jirau, no rio Madeira, em Rondônia.
No final de março, diante de
um parecer técnico que negava
licença prévia ao empreendimento, o Ibama decidiu pedir
informações complementares.
Prevista para o início de fevereiro, a licença foi adiada indefinidamente.
A indicação de Lacerda para a
presidência do Ibama não foi
formalizada por Marina porque ainda não está acertada sua
saída do comando da PF.
"Ele me ajudou de forma fantástica, prendeu 500 pessoas
envolvidas em crimes ambientais e tem capacidade de operar
com lógica de Estado", afirmou
a ministra. Segundo ela, o convite já foi aceito por ele.
Lacerda, no entanto, não foi
tão assertivo oficialmente, segundo sua assessoria. "Não
houve convite, apenas uma
sondagem. A definição dependerá dos ministros Tarso Genro (Justiça) e Marina Silva".
Marcus Barros, atual titular do
Ibama, havia pedido para sair
no ano passado.
Tarso Genro disse ontem que
não pretende retirar Lacerda
da PF. Afirmou ainda que "não
existe nenhuma providência"
para substitui-lo no cargo.
"Não existe nenhuma providência para substitui-lo. Ele está cumprindo muito bem as
suas funções e vai continuar
cumprindo. Se, eventualmente,
mais tarde, ocorrer uma discussão para mudança, essa discussão será feita com ele. Nós
não temos a pretensão de mudá-lo. Ele é um homem de Estado e está trabalhando muito
bem", disse Tarso, que participou de evento sobre segurança
ontem em Belo Horizonte.
Divisão do Ibama
Marina aproveitou a reunião
de ontem do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) para anunciar mudanças no
ministério. Uma das novas secretarias cuidará dos efeitos do
aquecimento global.
As mudanças incluem a divisão do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis)
e a criação do Inbio (sigla provisória do Instituto Brasileiro de
Conservação da Biodiversidade), que ficará responsável pelos 50 milhões de hectares de
áreas protegidas no país.
"As mudanças são necessárias para que possamos proteger nossos imensos recursos
naturais e cuidar do desenvolvimento sustentável, uma
agenda que o Brasil tem obrigação de liderar pelo exemplo",
disse ontem Marina.
Segundo a ministra do Meio
Ambiente, não haverá nenhuma modificação na estrutura
do licenciamento ambiental.
"Esse país tem uma legislação ambiental; projetos importantes não podem passar por
cima da legislação", disse Marina, em apoio ao pedido de informações complementares a
que o Ibama condicionou a
análise da licença ambiental
para as hidrelétricas.
O parecer do Ibama identificou "elevado grau de incerteza"
em relação ao acúmulo de sedimentos que poderiam provocar
transbordamento do rio e à sobrevivência de peixes grandes
no rio Madeira.
Colaborou a Agência Folha
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