|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RELIGIÃO
Pela primeira vez na história, CNBB deixa de apresentar diretrizes para os católicos em um ano de eleições
Orientação eleitoral para fiel divide bispos
LUIS HENRIQUE AMARAL
enviado especial a Itaici
As eleições estão dividindo os
bispos reunidos na 36ª Assembléia
Geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
Os problemas começaram no
primeiro dia, quando foi proposto, como é de praxe na CNBB, que
fosse preparado um texto com diretrizes éticas para orientar os católicos na escolha dos candidatos.
A proposta caiu em plenário por
pequena margem de votos.
Com a decisão, será a primeira
vez na história da entidade em que
os bispos deixarão de apresentar
um texto sobre as eleições em um
ano eleitoral.
Ficou decidido que o assunto será abordado de passagem no documento final do encontro.
Sem um documento definido sobre as eleições, cada bispo tem
apresentado uma proposta própria para a atuação dos católicos
na votação.
A proposta que causou mais polêmica, até agora, foi do conservador bispo de Jundiaí (SP), d.
Amaury Castanho. Ele defende a
reedição da LEC (Liga Eleitoral
Católica), que existiu entre 1930 e
45 e costumava apresentar listas
com nomes de candidatos identificados com a igreja.
A proposta caiu como uma
bomba na assembléia, composta
por bispos que nos últimos anos
têm enfrentando a acusação de se
preocuparem mais com política
que com o aspecto religioso.
Em sua defesa, d. Amaury argumentou que, com a LEC, a igreja
obteve vitórias na Constituinte de
1934, como a inclusão do ensino
religioso na rede pública e o casamento religioso com validade civil. "Depois que a LEC acabou, só
tivemos derrotas, como a aprovação do divórcio", afirmou.
Entre os candidatos da sua lista
de recomendações, d. Amaury citou os deputados federais (SP) Hélio Bicudo (PT) e os tucanos Salvador Zimbaldi e Franco Montoro.
Houve reações rápidas à proposta de d. Amaury. Para o arcebispo
da Paraíba, d. Marcelo Carvalheira, a idéia é "complicada". "Seria como criar um partido", disse.
O bispo-auxiliar de Vila Brasilândia (zona norte de São Paulo),
d. Angélico Bernardino, defende a
adoção de critérios. "Indicar nomes pressupõe que o cidadão é incapaz de discernir", afirmou.
Dom Moacyr Grechi, de Rio
Branco (AC) disse: "Indicar nomes significa que não temos capacidade para educar os fiéis".
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|