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Militar mantém 17 anos de silêncio
da Sucursal do Rio
Dezessete anos depois do atentado a bomba no Riocentro -um
dos mais rumorosos casos do período militar-, o principal personagem da história vive protegido
por uma barreira de silêncio, mas
já alcançou o posto de coronel do
Exército.
O coronel Wilson Luiz Chaves
Machado, 50, funcionário do
quartel-general do Exército em
Brasília, é o homem que, em 30 de
abril de 1981, dirigia o Puma em
que explodiu a bomba no estacionamento do centro de exposições
Riocentro, em Jacarepaguá (zona
oeste do Rio).
Do lado de dentro do pavilhão,
Elba Ramalho cantava para 10 mil
pessoas. O show, em que também
atuariam Chico Buarque, Alceu
Valença, Paulinho da Viola e Gonzaguinha, entre outros, comemorava o 1º de Maio e fora organizado pelo Centro Brasil Democrático, uma entidade ligada ao Partido
Comunista Brasileiro, então na
ilegalidade.
Machado ficou com as vísceras à
mostra, mas sobreviveu. O sargento Guilherme Pereira do Rosário, que estava no banco do carona, morreu com os intestinos e os
órgãos genitais dilacerados.
Uma segunda bomba explodiu
na casa de força do Riocentro e
poderia ter causado uma tragédia:
as saídas de emergência estavam
trancadas.
Machado e o sargento Rosário
eram do setor de informações do
Exército. O capitão só falou durante o IPM (Inquérito Policial
Militar) conduzido pelo Exército,
para dizer que fora ao Riocentro
em missão de informações e que a
bomba fora colocada no carro.
Suspeitas
Apesar das suspeitas generalizadas de que Rosário morrera manipulando a bomba e de que Machado sabia mais do que contara, o
IPM concluiu que o atentado partira de "grupos terroristas", inocentando os dois militares.
Anos depois, o ex-presidente
João Baptista Figueiredo afirmou
que o atentado fora obra de militares de baixa patente, que teriam
agido por conta própria.
Como os autores do atentado
nunca foram nomeados, o coronel
Wilson Machado vive discretamente. Não fez uma carreira brilhante, mas também não está no
ostracismo.
Em Brasília, é chefe de seção na
DMov (Divisão de Movimentação), um setor que cuida de transferências de militares.
Procurado pela reportagem da
Folha em cinco oportunidades ao
longo de uma semana para uma
entrevista, o coronel Machado
deu a mesma resposta: "Não tenho mais nada a falar sobre isso.
Vá ao Cecomcex (Centro de Comunicação Social do Exército)".
No Cecomcex, a resposta é automática: o coronel Machado não dá
entrevistas.
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