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REGIME MILITAR
Grupos apóiam civis
Entidades
defendem
indenizações
da Sucursal do Rio
A presidente do Grupo Tortura
Nunca Mais, Cecília Coimbra, elogiou o surgimento da associação
de defesa das famílias que tiveram
parentes mortos em confrontos
com guerrilheiros. Para ela, os civis têm direito a indenizações.
"Os que não eram militares devem receber ajuda do governo. Indenização é direito, mas é efeito.
Em primeiro lugar, deve ocorrer o
esclarecimento das circunstâncias
das mortes", disse Cecília, para
quem "é muito interessante" a
criação da Avisu (Associação das
Vítimas da Subversão).
Em relação aos militares, ela e
outros membros de entidades e
comissões que tratam do tema
acham que não deve haver indenização, alegando que as famílias de
militares mortos foram amparadas pelo governo, com o pagamento de pensões. Para ela, muitas das mortes creditadas a guerrilheiros foram praticadas "pela
própria repressão".
Representante das famílias na
Comissão Especial de Mortos e
Desaparecidos Políticos do Ministério da Justiça, Suzana Lisboa
também é favorável à indenização
dos civis. Segundo ela é "muito
difícil" que a verdade seja estabelecida. "Os órgãos de segurança
divulgavam versões mentirosas.
Essa associação talvez ajude a revelar o que realmente ocorreu."
O "Dossiê dos Mortos e Desaparecidos" que foi apresentado à
Comissão Especial de Mortos e
Desaparecidos Políticos atribui ao
regime militar 369 mortes.
O jurista Miguel Reale Júnior,
53, presidente da comissão, disse
que famílias de civis mortos durante o regime poderiam ter responsabilizado civilmente o Estado, independente da lei 9.140/95,
que permitiu as indenizações.
"A responsabilidade pode ser
responsabilidade civil, e qualquer
um poderia ter entrado, caso o direito não estivesse prescrito."
Reale se recusou a comentar a
criação da Avisu e disse que a comissão cumpriu seu trabalho da
melhor forma possível.
O general Oswaldo Pereira Gomes, representante dos militares
na comissão, disse que vê um aspecto de inconstitucionalidade na
lei 9.140/95 porque, segundo ele,
os acusados não são ouvidos.
"Acho que ela tem esse ponto de
inconstitucional, porque, num
processo em que há acusados e
acusadores, a Constituição afirma
que tem de haver o contraditório.
A comissão deveria ouvir um representante do Ministério Público. Às vezes eu tento suprir isso,
mas nem sempre eu pude."
O general afirmou também que é
o único representante militar na
comissão e que não consegue fazer
prevalecer todos os seus argumentos jurídicos a favor dos militares.
"Tento utilizar os argumentos
jurídicos, sem ideologia. Mas deveriam ter posto três militares na
comissão, só colocaram um." O
general disse que não se sente
"entregando o jogo". "Quem entregou o jogo foram eles, que fizeram uma abertura de mau jeito e
entregaram para os nossos inimigos políticos."
(FE e ST)
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