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Mercosul busca tratado comercial
CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM
Os quatro países que integram o
Mercosul vão começar em breve a
negociar um acordo de livre comércio com a China, anunciou
ontem o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva durante palestra na
Universidade de Pequim.
O setor privado do bloco sul-americano já começará a aproximação com os chineses em julho,
quando o presidente da Argentina, Néstor Kirchner, viajará ao
país acompanhado de uma comitiva empresarial do Mercosul.
O principal obstáculo a um
acordo entre o bloco e a China é o
Paraguai, um dos 26 países do
mundo que reconhecem a independência de Taiwan, considerada "Província rebelde" pelo governo chinês. A posição paraguaia tem dificultado as negociações, porque a China não aceita
ter relações diplomáticas com
países que reconhecem Taiwan.
A integração regional e o fortalecimento das relações com países
em desenvolvimento (a chamada
política Sul-Sul) ocuparam lugar
de destaque na palestra de Lula. A
cerca de 200 estudantes e quase 50
integrantes de sua comitiva, Lula
fez um apanhado dos temas que
orientam sua atuação internacional: eliminação dos subsídios
agrícolas dos países desenvolvidos, reforma do Conselho de Segurança da ONU, solução pacífica
de conflitos internacionais e a
aproximação entre os países do
Sul. "Estamos engajados em construir uma nova geografia econômico-comercial. Parte desse impulso se orienta para o aumento
de nossos fluxos comerciais com
países em desenvolvimento."
O presidente se referiu à integração da infra-estrutura dos países latino-americanos nas áreas
de transporte, energia e comunicações. O combate à fome, marca
registrada do discurso do presidente, foi outro tema abordado.
"É necessário equilibrar a agenda
internacional, hoje concentrada
quase que exclusivamente em temas relativos à segurança. Não se
pode relegar a segundo plano os
flagelos da insegurança alimentar
e da pobreza, que afligem a maior
parte da humanidade", disse.
O presidente brasileiro fez questão de lembrar a reunião de chefes
de Estado que está convocando
para o dia 20 de setembro, em Nova York, na véspera da Assembléia Geral das Nações Unidas, na
qual tentará mobilizar os líderes
mundiais para a questão.
A relação do Brasil com a China
foi apresentada na palestra em
tons épicos. "Possivelmente, na
história da humanidade, não tenha havido nos últimos anos países que tenham a possibilidade de
estreitamento de relações como
têm hoje Brasil e China", afirmou
o presidente brasileiro, que reiterou que as duas nações não possuem contenciosos históricos,
econômicos e comerciais.
Colaborou ANDRÉ SOLIANI, da Sucursal
de Brasília
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