São Paulo, quarta-feira, 26 de maio de 2004

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Mercosul busca tratado comercial

CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM

Os quatro países que integram o Mercosul vão começar em breve a negociar um acordo de livre comércio com a China, anunciou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante palestra na Universidade de Pequim.
O setor privado do bloco sul-americano já começará a aproximação com os chineses em julho, quando o presidente da Argentina, Néstor Kirchner, viajará ao país acompanhado de uma comitiva empresarial do Mercosul.
O principal obstáculo a um acordo entre o bloco e a China é o Paraguai, um dos 26 países do mundo que reconhecem a independência de Taiwan, considerada "Província rebelde" pelo governo chinês. A posição paraguaia tem dificultado as negociações, porque a China não aceita ter relações diplomáticas com países que reconhecem Taiwan.
A integração regional e o fortalecimento das relações com países em desenvolvimento (a chamada política Sul-Sul) ocuparam lugar de destaque na palestra de Lula. A cerca de 200 estudantes e quase 50 integrantes de sua comitiva, Lula fez um apanhado dos temas que orientam sua atuação internacional: eliminação dos subsídios agrícolas dos países desenvolvidos, reforma do Conselho de Segurança da ONU, solução pacífica de conflitos internacionais e a aproximação entre os países do Sul. "Estamos engajados em construir uma nova geografia econômico-comercial. Parte desse impulso se orienta para o aumento de nossos fluxos comerciais com países em desenvolvimento."
O presidente se referiu à integração da infra-estrutura dos países latino-americanos nas áreas de transporte, energia e comunicações. O combate à fome, marca registrada do discurso do presidente, foi outro tema abordado. "É necessário equilibrar a agenda internacional, hoje concentrada quase que exclusivamente em temas relativos à segurança. Não se pode relegar a segundo plano os flagelos da insegurança alimentar e da pobreza, que afligem a maior parte da humanidade", disse.
O presidente brasileiro fez questão de lembrar a reunião de chefes de Estado que está convocando para o dia 20 de setembro, em Nova York, na véspera da Assembléia Geral das Nações Unidas, na qual tentará mobilizar os líderes mundiais para a questão.
A relação do Brasil com a China foi apresentada na palestra em tons épicos. "Possivelmente, na história da humanidade, não tenha havido nos últimos anos países que tenham a possibilidade de estreitamento de relações como têm hoje Brasil e China", afirmou o presidente brasileiro, que reiterou que as duas nações não possuem contenciosos históricos, econômicos e comerciais.


Colaborou ANDRÉ SOLIANI, da Sucursal de Brasília

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