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Diretor da PF rebate críticas e diz não haver ilegalidades
Renato Porciúncula, da Inteligência, afirma que instituição não atua na "calada da noite" e que ações são autorizadas pela Justiça
Declarações são respostas a Gilmar Mendes, do STF, que soltou dez presos por meio de liminares, foi criticado e acusou a PF de pirotecnia
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O diretor de Inteligência da
Polícia Federal, Renato Porciúncula, disse que a instituição
não trabalha "na calada da noite" e que todo o procedimento é
autorizado pela Justiça.
Incomodado com as críticas
do Judiciário sobre a atuação
da PF, Porciúncula afirmou ontem que, daqui a pouco, vão
querer que a PF "tome pílulas
para ficar invisível" ou saia para
fazer as operações dentro de
"tubulações". É a primeira vez
que um dirigente da PF se manifesta sobre a crise entre
as instituições.
Porciúncula rechaçou as críticas do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal
Federal), de que há pirotecnia
no trabalho da PF. O ministro
acusou a instituição de divulgar
informações sobre as investigações sem se identificar como
fonte, o que ele classificou como "canalhice".
A irritação do ministro foi
uma reação às críticas de policiais ao fato de ele ter concedido habeas corpus que supostamente beneficiaram investigados pela Operação Navalha. A
PF identificou uma quadrilha
que fraudava licitações e corrompia agentes públicos. Das
48 pessoas supostamente envolvidas com o esquema articulado pela empreiteira Gautama, 10 conseguiram habeas
corpus do ministro.
"Não há que se falar em ação
truculenta ou ilegalidade da
PF. Estamos fazendo tudo de
acordo com as normas jurídicas. Tudo é relatado para o Poder Judiciário. Está tudo registrado, os acertos e os eventuais
erros", disse Porciúncula.
O diretor de inteligência argumenta que hoje a imprensa
acompanha as operações em
tempo real e que a PF não tem o
que fazer para impedir isso. "A
PF continua a mesma, os meios
de comunicação é que mudaram e hoje transmitem informações para o mundo em segundos", disse. Todos os passos
da PF são informados à Justiça.
"Fico espantado quando as
pessoas dizem que a polícia fez
pirotecnia. Mas como esconder? Estamos aceitando sugestões para saber como a PF vai
fazer [para que as operações]
não sejam vistas", afirmou.
Porciúncula é o primeiro diretor da PF a se manifestar publicamente sobre as críticas do
Poder Judiciário. Depois das
acusações de Gilmar Mendes,
que é vice-presidente do STF, a
PF apenas divulgou nota na
qual diz que tem uma "relação
de respeito com o Poder Judiciário" e que não comentaria a
opinião pessoal do ministro.
A PF deve concluir num prazo de 60 dias a análise dos documentos apreendidos. Uma
tonelada de papel e arquivos de
computadores foi apreendida
em endereços dos 48 investigados. A polícia avalia que novos
fatos podem surgir da análise
desse material. Somente na sede da Gautama, em Salvador,
foram apreendidos sete malotes -nos quais estão os nomes
de parlamentares que teriam
recebido presentes ou propina
da empreiteira.
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