São Paulo, sábado, 26 de maio de 2007

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Diretor da PF rebate críticas e diz não haver ilegalidades

Renato Porciúncula, da Inteligência, afirma que instituição não atua na "calada da noite" e que ações são autorizadas pela Justiça

Declarações são respostas a Gilmar Mendes, do STF, que soltou dez presos por meio de liminares, foi criticado e acusou a PF de pirotecnia


ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O diretor de Inteligência da Polícia Federal, Renato Porciúncula, disse que a instituição não trabalha "na calada da noite" e que todo o procedimento é autorizado pela Justiça.
Incomodado com as críticas do Judiciário sobre a atuação da PF, Porciúncula afirmou ontem que, daqui a pouco, vão querer que a PF "tome pílulas para ficar invisível" ou saia para fazer as operações dentro de "tubulações". É a primeira vez que um dirigente da PF se manifesta sobre a crise entre as instituições.
Porciúncula rechaçou as críticas do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), de que há pirotecnia no trabalho da PF. O ministro acusou a instituição de divulgar informações sobre as investigações sem se identificar como fonte, o que ele classificou como "canalhice".
A irritação do ministro foi uma reação às críticas de policiais ao fato de ele ter concedido habeas corpus que supostamente beneficiaram investigados pela Operação Navalha. A PF identificou uma quadrilha que fraudava licitações e corrompia agentes públicos. Das 48 pessoas supostamente envolvidas com o esquema articulado pela empreiteira Gautama, 10 conseguiram habeas corpus do ministro.
"Não há que se falar em ação truculenta ou ilegalidade da PF. Estamos fazendo tudo de acordo com as normas jurídicas. Tudo é relatado para o Poder Judiciário. Está tudo registrado, os acertos e os eventuais erros", disse Porciúncula.
O diretor de inteligência argumenta que hoje a imprensa acompanha as operações em tempo real e que a PF não tem o que fazer para impedir isso. "A PF continua a mesma, os meios de comunicação é que mudaram e hoje transmitem informações para o mundo em segundos", disse. Todos os passos da PF são informados à Justiça.
"Fico espantado quando as pessoas dizem que a polícia fez pirotecnia. Mas como esconder? Estamos aceitando sugestões para saber como a PF vai fazer [para que as operações] não sejam vistas", afirmou.
Porciúncula é o primeiro diretor da PF a se manifestar publicamente sobre as críticas do Poder Judiciário. Depois das acusações de Gilmar Mendes, que é vice-presidente do STF, a PF apenas divulgou nota na qual diz que tem uma "relação de respeito com o Poder Judiciário" e que não comentaria a opinião pessoal do ministro.
A PF deve concluir num prazo de 60 dias a análise dos documentos apreendidos. Uma tonelada de papel e arquivos de computadores foi apreendida em endereços dos 48 investigados. A polícia avalia que novos fatos podem surgir da análise desse material. Somente na sede da Gautama, em Salvador, foram apreendidos sete malotes -nos quais estão os nomes de parlamentares que teriam recebido presentes ou propina da empreiteira.


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