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Restrições ainda dividem historiadores
da Reportagem Local
Historiadores e representantes
da comunidade judaica divergem
sobre o significado das medidas
que, procurando atingir os "súditos do Eixo", afetaram também os
refugiados israelitas.
Para uns, as restrições impostas
por Getúlio Vargas demonstram
que, mesmo depois de o Brasil se
posicionar contra o nazi-fascismo, o braço anti-semita do Estado
Novo continuou agindo. Para outros, tudo não passou de mera burocracia. Confira:
Maria Luiza Tucci Carneiro,
historiadora da USP e autora do
livro "Anti-Semitismo na Era
Vargas" - "Caso o governo brasileiro quisesse realmente estabelecer distinções entre judeus e "súditos do Eixo', poderia fazê-lo
com relativa facilidade. Inúmeros
refugiados israelitas possuíam
passaportes de apátridas, indicando que o Reich lhes tirara a nacionalidade de origem. Se o Estado
Novo preferiu desprezar tal condição e abarcar todos sob o mesmo
rótulo, é porque não havia vontade política de marcar as diferenças. Fatos assim permaneceram
desconhecidos por muito tempo.
Somente de uns anos para cá, com
o acesso à documentação secreta
do Deops e do Itamaraty, se tornou possível dimensionar o anti-semitismo no país."
Boris Fausto, historiador e professor aposentado do departa
mento de ciência política da USP
- "As medidas restritivas daquele
período permitem duas interpretações. Eram mera burocracia
simplificadora ou de fato refletiam
o anti-semitismo de setores da polícia Äum preconceito camuflado
e tragicômico que punia as vítimas
pelo comportamento dos carrascos. Faltam-me, porém, informações para optar por uma ou outra
possibilidade."
Esther Carvalho, economista e
uma das fundadoras do Instituto
Histórico Israelita Mineiro - "O
cerceamento à comunidade judaica decorreu mais de uma confusão
do que propriamente de preconceito. Reinava uma grande ignorância na época. Poucos entendiam o que significava ser judeu.
O equívoco, no entanto, acabou
trazendo consequências práticas,
que a maioria dos refugiados encarou com estoicismo e discrição,
talvez por causa do inferno que já
havia atravessado na Europa."
Mario Adler, presidente da
Congregação Israelita Paulista
(CIP) - "Poucos países receberam
tão bem os judeus quanto o Brasil.
O controle por parte do governo
tinha um caráter burocrático anti-semita."
Henry I. Sobel, presidente do
rabinato da CIP - "O anti-semitismo institucional da era Vargas
terminou em 1942, quando o Brasil se tornou aliado dos EUA. Os
problemas que os judeus do Eixo
enfrentaram decorriam do cenário de guerra, e não da sua condição de judeu."
(AA)
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