São Paulo, quarta-feira, 26 de junho de 2002

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PT SOB SUSPEITA

Médico depõe em CPI da propina na Câmara de Santo André

Irmão de prefeito promete revelar hoje 4 testemunhas

LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

O oftalmologista João Francisco Daniel, irmão do prefeito assassinado de Santo André, Celso Daniel, será a primeira testemunha a depor hoje na CPI da Câmara Municipal da cidade que investigará o suposto esquema de propinas na prefeitura.
O médico promete revelar os nomes das quatro testemunhas de suas conversas com colaboradores da prefeitura que lhe teriam revelado que a suposta propina cobrada pela prefeitura seria para financiar campanhas do PT.
A seguir, serão colhidos os depoimentos de Rosângela Gabrilli e seu irmão João Alberto Gabrilli, da família que administra a Viação São José de Transportes Ltda.
Rosangela afirmou ao Ministério Público e em entrevista à Folha que a propina foi paga desde 1997. "A propina vem sendo paga desde 1997, por um acordo firmado entre as empresas de transporte de Santo André e o Ronan [Maria Pinto"".
Os depoimentos dos três poderão ser sigilosos, ou seja, sem a permissão da entrada do público ou da imprensa, se os membros da CPI decidirem ou, ainda, se algum ou todos os depoentes pedirem. Os três deverão ter, a partir de hoje, escolta policial solicitada pelos vereadores.
Dos cinco membros da CPI, só um é de oposição, o vereador Luiz Zacharias (PL). Os outros quatro são todos da base de sustentação do prefeito João Avamileno (PT): o presidente da CPI, José Montoro Filho (PT), o relator Donizetti Pereira (PV), e os vereadores Carlos Ferreira (PSB) e Tio Donizetti Pereira (PDT).
O presidente da CPI está no seu terceiro mandato, mas só assumiu dessa vez porque era o primeiro suplente do secretário de Serviços Municipais de Santo André, Klinger Luiz de Oliveira Sousa- que foi citado no depoimento de João Francisco ao Ministério Público, no dia 24 de maio, como um dos envolvidos no suposto esquema de propinas.
João Montoro Filho afirmou que o fato de ser petista e suplente de Klinger não vai influenciar em nada sua performance. "Sei da seriedade dessas denúncias e até porque sou do PT quero que tudo seja investigado", afirmou.
O relator Donizetti Pereira disse que a CPI terá 30 dias para ouvir depoimentos. O prazo poderá ser prorrogado. Ontem, os vereadores receberam cópias dos depoimentos sigilosos sobre o caso, enviados pelo MP. Começaram a ler os documentos para preparar as perguntas aos depoentes.
Segundo um dos membros da CPI, "é crucial" a revelação dos nomes das testemunhas que João Francisco diz ter das conversas com o ex-secretário de governo de Celso Daniel, Gilberto Carvalho e a ex-mulher do prefeito morto, Miriam Belchior. "Como ele [João Francisco] não tem nenhuma prova documental da acusação de caixa dois para a campanha do PT, é essencial que traga mais testemunhas."



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