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CONFLITO AGRÁRIO
Sem-terra invadiram 11 postos de arrecadação no Estado, mas suspenderam manifestação no final da tarde
MST libera cobrança de mais 3 pedágios no PR
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ARAPONGAS
Subiu para 11 o número de praças de pedágio invadidas e com a
cobrança de tarifas liberadas pelo
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) ontem
no Paraná. Oito praças já haviam
sido invadidas anteontem no Estado. No final da tarde de ontem,
depois que o governador Roberto
Requião (PMDB) anunciou a intervenção nos serviços das concessionárias, os sem-terra começaram a deixar os postos de cobrança nas rodovias. À noite, porém, Requião voltou atrás na decisão.
Ontem, o protesto do MST foi
engrossado por dirigentes dos
sindicatos dos caminhoneiros e
de empresas transportadoras. Pela manhã, o movimento invadiu
os pedágios de Candoy e de Laranjeiras, no oeste do Paraná, e, a
partir das 12h, o pedágio da Ecovia, que dá acesso ao litoral, na cidade de São José dos Pinhais.
O MST mantinha sob controle
os pedágios em Mauá da Serra,
Mandaguari, Jataizinho, Arapongas (norte do PR), Campo Mourão (noroeste), Cascavel, São Miguel/Santa Terezinha do Itaipu
(oeste) e em São Luís do Purunã, a
35 quilômetros de Curitiba.
Na praça de pedágio de Jacarezinho, divisa com São Paulo, não
houve invasão, mas, durante todo
o dia, militantes do PMDB local
protestaram contra as tarifas.
Houve tensão pela manhã no
pedágio da empresa Viapar em
Arapongas, após funcionários da
concessionária anunciarem que a
Polícia Militar iria cumprir determinação da Justiça para reintegração de posse da praça.
Os sem-terra decidiram bloquear a praça com caminhões. O
trânsito ficou restrito a veículos
de passeio até as 11h30, quando a
praça foi liberada. Durante todo o
dia, foram efetuados "bloqueios
mobilizadores", na definição de
Anísio Cardoso, da coordenação
do MST no norte do Paraná.
Nos bloqueios, ficavam retidos
por duas horas caminhões com
cargas não-perecíveis. Havia liberação por meia hora e, depois, novos bloqueios de duas horas. A tática foi utilizada até as 17h de ontem, quando o MST começou a deixar os pedágios no Estado.
Ainda durante os bloqueios, os
invasores eram saudados por
quem passava pelos pedágios. Caminhoneiros deixavam caixas
com alimentos para os sem-terra.
O apoio mais inusitado foi do
pecuarista Vitório Fadel, com fazendas em Centenário do Sul e
Arapongas. Fadel descarregou
mantimentos (arroz, açúcar e farinha) de sua camionete D-20 no
acampamento sem-terra na praça
de pedágio de Arapongas.
Fadel disse que não tem medo
de ter suas propriedades invadidas pelo MST, "pois eles são sérios
e não entram em áreas produtivas". Segundo ele, o Brasil precisava seguir o exemplo do MST, "para acabar com a bandalheira,
como essa do pedágio, no país".
A ABCR (Associação Brasileira
de Concessionárias de Rodovias)
informou que só deverá ter um
balanço dos prejuízos em três
dias. Segundo sua assessoria,
além de as empresas deixarem de
arrecadar tarifas por dois dias, teriam sido destruídos monitores
de câmeras de vídeo, fios e equipamentos eletrônicos.
Minas Gerais
Em Minas, ocorreram ontem
duas ações de reintegração de
posse no norte do Estado. Com
um aparato de cerca de cem policiais e helicóptero, a Polícia Militar, cumpriu 2 dos 14 mandados
expedidos no Estado.
Mais dois mandados devem ser
cumpridos nos próximos dias.
Colaborou a Agência Folha, em Belo Horizonte
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