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São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2003

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CONFLITO AGRÁRIO

Sem-terra invadiram 11 postos de arrecadação no Estado, mas suspenderam manifestação no final da tarde

MST libera cobrança de mais 3 pedágios no PR

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ARAPONGAS

Subiu para 11 o número de praças de pedágio invadidas e com a cobrança de tarifas liberadas pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) ontem no Paraná. Oito praças já haviam sido invadidas anteontem no Estado. No final da tarde de ontem, depois que o governador Roberto Requião (PMDB) anunciou a intervenção nos serviços das concessionárias, os sem-terra começaram a deixar os postos de cobrança nas rodovias. À noite, porém, Requião voltou atrás na decisão.
Ontem, o protesto do MST foi engrossado por dirigentes dos sindicatos dos caminhoneiros e de empresas transportadoras. Pela manhã, o movimento invadiu os pedágios de Candoy e de Laranjeiras, no oeste do Paraná, e, a partir das 12h, o pedágio da Ecovia, que dá acesso ao litoral, na cidade de São José dos Pinhais.
O MST mantinha sob controle os pedágios em Mauá da Serra, Mandaguari, Jataizinho, Arapongas (norte do PR), Campo Mourão (noroeste), Cascavel, São Miguel/Santa Terezinha do Itaipu (oeste) e em São Luís do Purunã, a 35 quilômetros de Curitiba.
Na praça de pedágio de Jacarezinho, divisa com São Paulo, não houve invasão, mas, durante todo o dia, militantes do PMDB local protestaram contra as tarifas.
Houve tensão pela manhã no pedágio da empresa Viapar em Arapongas, após funcionários da concessionária anunciarem que a Polícia Militar iria cumprir determinação da Justiça para reintegração de posse da praça.
Os sem-terra decidiram bloquear a praça com caminhões. O trânsito ficou restrito a veículos de passeio até as 11h30, quando a praça foi liberada. Durante todo o dia, foram efetuados "bloqueios mobilizadores", na definição de Anísio Cardoso, da coordenação do MST no norte do Paraná.
Nos bloqueios, ficavam retidos por duas horas caminhões com cargas não-perecíveis. Havia liberação por meia hora e, depois, novos bloqueios de duas horas. A tática foi utilizada até as 17h de ontem, quando o MST começou a deixar os pedágios no Estado.
Ainda durante os bloqueios, os invasores eram saudados por quem passava pelos pedágios. Caminhoneiros deixavam caixas com alimentos para os sem-terra.
O apoio mais inusitado foi do pecuarista Vitório Fadel, com fazendas em Centenário do Sul e Arapongas. Fadel descarregou mantimentos (arroz, açúcar e farinha) de sua camionete D-20 no acampamento sem-terra na praça de pedágio de Arapongas.
Fadel disse que não tem medo de ter suas propriedades invadidas pelo MST, "pois eles são sérios e não entram em áreas produtivas". Segundo ele, o Brasil precisava seguir o exemplo do MST, "para acabar com a bandalheira, como essa do pedágio, no país".
A ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias) informou que só deverá ter um balanço dos prejuízos em três dias. Segundo sua assessoria, além de as empresas deixarem de arrecadar tarifas por dois dias, teriam sido destruídos monitores de câmeras de vídeo, fios e equipamentos eletrônicos.

Minas Gerais
Em Minas, ocorreram ontem duas ações de reintegração de posse no norte do Estado. Com um aparato de cerca de cem policiais e helicóptero, a Polícia Militar, cumpriu 2 dos 14 mandados expedidos no Estado.
Mais dois mandados devem ser cumpridos nos próximos dias.


Colaborou a Agência Folha, em Belo Horizonte


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