UOL

São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TROCA-TROCA

Considerada uma resposta a FHC, saída ocorreu no aniversário da legenda tucana; outros seis parlamentares podem sair

Dirceu articula, e 7 deputados deixam PSDB

KENNEDY ALENCAR
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Numa articulação avalizada pelo Planalto, sete deputados federais do PSDB deixaram o partido ontem, dia em que a sigla tucana completou 15 anos. Outros seis tendem a fazer o mesmo. Desvinculado da articulação de ontem, Luiz Piauhylino (PE) saiu do PSDB na semana passada, mas havia ontem um movimento para tentar trazê-lo de volta.
Todos juntos são conhecidos no governo como G-14, grupo que deseja integrar a base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que tem bom trânsito com o ministro da Casa Civil, José Dirceu.
A Folha apurou que a saída de deputados do PSDB no dia do aniversário do partido foi um recado de Lula ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que, em entrevista recente ao site do PSDB, elevou o tom oposicionista, quebrando um acordo de não-agressão que teria firmado.
A debandada do G-14, se confirmada, faria o PSDB cair da quarta para a sexta posição no ranking das bancadas da Câmara. PTB e PP receberiam a maioria dos ex-tucanos, ultrapassando o PSDB. Possibilidade menor é que os deputados integrem um novo partido, de dissidentes da oposição.
Os sete que anunciaram ontem a saída do PSDB são: Inaldo Leitão (PB), Ricardo Rique (PB), Alexandre Santos (RJ), Doutor Heleno (RJ), Salvador Zimbaldi (SP), Osmânio Pereira (MG), Feu Rosa (ES). Os seis que podem deixar o partido: Ariosto Holanda (CE), José Arnon (CE), Romeu Feijó (CE), Jovair Arantes (GO), Nárcio Rodrigues (MG) e Paulo Feijó (RJ). Piauhylino completa o G-14.
Segundo a Folha apurou, Dirceu, que foi o elo do PT com FHC na campanha eleitoral, teve encontros reservados com o ex-presidente após a posse de Lula.
O ministro da Casa Civil tem conduzido com eficácia as articulações que possibilitaram a Lula uma base parlamentar suficiente para aprovar as reformas.
Como FHC atacou o governo na semana passada, veio o sinal verde de Lula e Dirceu para que parte do G-14 deixasse ontem o partido. Desde o início do ano, esse grupo procura Dirceu, dizendo que deseja cooperar com o governo. Em troca, espera cargos e verbas. A cúpula tucana ficou contrariada. O líder do PSDB na Câmara, Jutahy Magalhães (BA), disse que esses ex-tucanos "prestaram uma grande homenagem ao partido no dia do seu aniversário". O presidente da legenda, José Aníbal, não quis se manifestar.
Nos bastidores, a cúpula tucana acusa o G-14 de fisiologismo. Os deputados rebatem a acusação. "O PSDB virou um partido de cúpula, com um líder que não lidera e com um presidente que é contestado pelos governadores", disse Feu Rosa.
O PSDB, que elegeu 70 deputados, tinha 62, já excluído Piauhylino. Com a debandada de ontem, a legenda ficou com 55. Se perder mais 6, ficará com 49.
O PTB, com 48 deputados até ontem, pode filiar pelo menos 3 ex-tucanos e atingir 51. "Ainda não há nada acertado, mas seriam recebidos de braços abertos", disse o líder do PTB na Câmara, Roberto Jefferson (RJ).
O PP, com 47, pode receber 3 ex-tucanos e chegar a 50. O líder do PP na Câmara, Pedro Henry (MT) também tem conversado com membros do G-14.


Texto Anterior: Rossetto diz ver "racismo" em São Gabriel
Próximo Texto: Panorâmica - Espírito Santo 1: Relatório do TCE rejeita contas relativas a 2002
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.