São Paulo, domingo, 26 de junho de 2005

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Dirceu pede para militância defender o PT

DA REPORTAGEM LOCAL

No segundo "ato de defesa do PT e do governo Lula", realizado ontem em Guarulhos (SP), o ex-ministro da Casa Civil e deputado federal José Dirceu (PT-SP) conclamou os petistas a defenderem o partido e os municiou de argumentos para rebater críticas.
Dirceu apresentou dados sobre o governo Lula, como o aumento do número de agentes da Polícia Federal, o aumento das prisões por crimes de colarinho branco e a devolução aos cofres públicos de dinheiro enviado de forma ilegal para fora do Brasil: "Nunca nenhum governo combateu tanto a corrupção como o governo Lula. Nós temos de sair às ruas para expor à sociedade essa realidade e temos de percorrer o Brasil para conversar com a militância".
A uma platéia de cerca de 300 petistas, Dirceu pediu que eles discutissem internamente os erros e os novos caminhos para o partido. Como um dos erros, ele citou a eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE) para a presidência da Câmara dos Deputados. "Façam uma avaliação dos erros graves que nós cometemos, principalmente na questão da eleição do presidente da Câmara, que trouxe uma série de conseqüências para o partido. Há muito tempo estamos enfrentando uma crise na base de sustentação do governo, desde outubro no ano passado [quando uma rebelião de deputados da base aliada paralisou as votações], e nós estamos deixando isso se agravar. Agora espero que a gente possa resolver tudo isso com as mudanças que o presidente Lula está fazendo."

Acusações
Sobre a atual crise no governo, Dirceu minimizou o problema e atribuiu a responsabilidade das acusações à oposição. "Do que estão acusando o PT? Estão acusando de corrupção generalizada. E o que é que nós estamos investigando? Uma fita gravada nos Correios com um funcionário, um diretor de departamento -não é o diretor dos Correios-, que a Polícia Federal, o Ministério Público e a Controladoria Geral da União já estavam investigando. O governo não tem nenhum temor dessa investigação", declarou Dirceu.
O ex-ministro disse ainda que o presidente Lula afastou os diretores dos Correios e do IRB, outra estatal sob investigação.
Com relação ao "mensalão" que o tesoureiro do PT teria pago a deputados da base aliada, Dirceu disse que será instalada uma CPI para investigar o caso no Congresso Nacional: "Inclusive eu fui convidado e fiz questão de ir prestar o meu depoimento à Corregedoria e vou fazer o mesmo no Conselho de Ética. Fui convidado, fui. Não era obrigado a ir".
Ao final de seu discurso de 40 minutos, Dirceu voltou a fazer críticas à herança recebida por Lula ao assumir a Presidência. Responsabilizou os tucanos pelos juros altos, pelo desemprego e pela crise na Previdência Social.
O prefeito de Guarulhos, Elói Pietá, classificou de "derrota" a saída de Dirceu da Casa Civil. Até então, os petistas alegavam que o ministro deixara o governo para reforçar a linha de defesa do presidente Lula no Congresso. Dirceu não comentou a declaração de Pietá e saiu sem dar entrevista.
(LILIAN CHRISTOFOLETTI)


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