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Dirceu pede
para militância
defender o PT
DA REPORTAGEM LOCAL
No segundo "ato de defesa do
PT e do governo Lula", realizado
ontem em Guarulhos (SP), o ex-ministro da Casa Civil e deputado
federal José Dirceu (PT-SP) conclamou os petistas a defenderem
o partido e os municiou de argumentos para rebater críticas.
Dirceu apresentou dados sobre
o governo Lula, como o aumento
do número de agentes da Polícia
Federal, o aumento das prisões
por crimes de colarinho branco e
a devolução aos cofres públicos de
dinheiro enviado de forma ilegal
para fora do Brasil: "Nunca nenhum governo combateu tanto a
corrupção como o governo Lula.
Nós temos de sair às ruas para expor à sociedade essa realidade e
temos de percorrer o Brasil para
conversar com a militância".
A uma platéia de cerca de 300
petistas, Dirceu pediu que eles
discutissem internamente os erros e os novos caminhos para o
partido. Como um dos erros, ele
citou a eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE) para a presidência
da Câmara dos Deputados. "Façam uma avaliação dos erros graves que nós cometemos, principalmente na questão da eleição
do presidente da Câmara, que
trouxe uma série de conseqüências para o partido. Há muito
tempo estamos enfrentando uma
crise na base de sustentação do
governo, desde outubro no ano
passado [quando uma rebelião de
deputados da base aliada paralisou as votações], e nós estamos
deixando isso se agravar. Agora
espero que a gente possa resolver
tudo isso com as mudanças que o
presidente Lula está fazendo."
Acusações
Sobre a atual crise no governo,
Dirceu minimizou o problema e
atribuiu a responsabilidade das
acusações à oposição. "Do que estão acusando o PT? Estão acusando de corrupção generalizada. E o
que é que nós estamos investigando? Uma fita gravada nos Correios com um funcionário, um diretor de departamento -não é o
diretor dos Correios-, que a Polícia Federal, o Ministério Público
e a Controladoria Geral da União
já estavam investigando. O governo não tem nenhum temor dessa
investigação", declarou Dirceu.
O ex-ministro disse ainda que o
presidente Lula afastou os diretores dos Correios e do IRB, outra
estatal sob investigação.
Com relação ao "mensalão" que
o tesoureiro do PT teria pago a deputados da base aliada, Dirceu
disse que será instalada uma CPI
para investigar o caso no Congresso Nacional: "Inclusive eu fui
convidado e fiz questão de ir prestar o meu depoimento à Corregedoria e vou fazer o mesmo no
Conselho de Ética. Fui convidado,
fui. Não era obrigado a ir".
Ao final de seu discurso de 40
minutos, Dirceu voltou a fazer
críticas à herança recebida por
Lula ao assumir a Presidência.
Responsabilizou os tucanos pelos
juros altos, pelo desemprego e pela crise na Previdência Social.
O prefeito de Guarulhos, Elói
Pietá, classificou de "derrota" a
saída de Dirceu da Casa Civil. Até
então, os petistas alegavam que o
ministro deixara o governo para
reforçar a linha de defesa do presidente Lula no Congresso. Dirceu
não comentou a declaração de
Pietá e saiu sem dar entrevista.
(LILIAN CHRISTOFOLETTI)
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