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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/O PUBLICITÁRIO
Para relator da comissão, Osmar Serraglio, retiradas de R$ 21 mi feitas pelo empresário Marcos Valério devem ser investigadas
Saques feitos por Valério serão alvo de CPI
CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Os saques de R$ 21 milhões realizados pelas empresas do publicitário Marcos Valério entre julho
de 2003 e maio de 2005 "são suspeitos" e terão de ser analisados
pela CPI que vier a investigar o
"mensalão", disse ontem o relator
da CPI dos Correios, deputado
Osmar Serraglio (PMDB-PR).
Segundo ele, ainda não está claro se a suspeita de pagamento a
parlamentares em troca de apoio
político será apurada na CPI dos
Correios ou por outra específica
para o "mensalão".
Há duas propostas de criação de
CPI com esse objetivo: uma é mista, de senadores e deputados, e
outra exclusiva da Câmara. Os deputados afirmam que eles é que
têm de investigar o "mensalão", já
que a denúncia não atinge senadores. A intenção do presidente
da Câmara, Severino Cavalcanti
(PP-PE), é aprovar a CPI exclusiva na terça-feira. Se isso ocorrer, a
proposta da CPI mista deve ser
abandonada.
O deputado Gustavo Fruet, da
CPI dos Correios,afirmou ontem
que apresentará requerimento solicitando os documentos sobre a
movimentação financeira das
duas empresas de Valério, SMPB
Comunicação e DNA Propaganda. Dados do Coaf (Conselho de
Controle de Atividades Financeiras), órgão do Ministério da Fazenda, mostram que as duas empresas fizeram saques em dinheiro que somaram R$ 11 milhões
em 2003 e R$ 10 milhões em 2004.
Valério é apontado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ)
como o responsável pelo suposto
pagamento de "mensalão" a parlamentares. A ex-secretária do
publicitário, Fernanda Karina Somaggio, sustenta que ele saía da
empresa com malas de dinheiro.
"Acredito que há elementos para requerer os documentos na
CPI dos Correios", opinou Fruet.
Valério tem contratos com a estatal e, por isso, irá depor na CPI. O
deputado paranaense também
pedirá os dados do Coaf no Conselho de Ética da Câmara, que ouvirá o depoimento de Somaggio
na terça-feira.
A movimentação financeira das
empresas de Valério foi revelada
em reportagem da revista "IstoÉ"
que chegou às bancas na sexta-feira. De acordo com os documentos, a SMPB tirou de suas
contas, em dinheiro vivo, R$ 16,5
milhões. A DNA, R$ 4,4 milhões.
Os saques foram feitos no Banco
Rural de Belo Horizonte. A SMPB
retirou ainda R$ 400 mil de sua
conta no Banco do Brasil.
No depoimento que deu ao
Conselho de Ética da Câmara, Jefferson afirmou que recebeu do PT
em 2004 R$ 4 milhões para a campanha eleitoral do PTB. O dinheiro, segundo ele, foi entregue em
maços de notas de R$ 50 e R$ 100,
enrolados em cintas do Banco
Rural e do Banco do Brasil.
Serraglio afirmou que a CPI dos
Correios terá de investigar eventuais irregularidades nos contratos de Valério com os Correios,
entre elas o superfaturamento.
Para Fruet, será inevitável o encontro das investigações sobre os
Correios e o "mensalão", pois a
suspeita é que a origem do dinheiro são contratos de empresas com
estatais dominadas por nomeações de partidos políticos.
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