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RELIGIÃO
Cardeal, agora responsável pela nomeação de bispos católicos, diz que não indicará quem defender análises marxistas
D. Lucas rejeita religioso inspirado em Marx
da Sucursal de Brasília
D. Lucas Moreira Neves afirmou
ontem que não vai recomendar ao
papa a nomeação de religiosos que
preguem a Teologia da Libertação
com o uso de conceitos marxistas.
No cargo de prefeito da Congregação para os Bispos, d. Lucas terá
a responsabilidade de examinar os
pedidos de nomeação de bispos
enviados por todas as partes do
mundo. Há cerca de 4.600 bispos
no mundo e cerca de 300 no Brasil.
A Teologia da Libertação é uma
corrente teológica, surgida na
América Latina a partir dos anos
60, que defende ser uma exigência
da caridade cristã a libertação do
oprimido, que seria obtida com
reformas sociais.
Para seus combatedores, essa
teologia utiliza categorias de pensamento de origem marxista. É
uma referência ao filósofo alemão
Karl Marx (1818-1883), para quem
a história do homem é a da luta
entre as diferentes classes sociais,
determinadas pelas relações econômicas da época.
"Há várias teologias da libertação. A defendida pelo papa é baseada na solidariedade e não é
aquela que parte de uma análise
marxista", afirmou d. Lucas.
Segundo ele, a doutrina pregada
pelo candidato é um dos requisitos
analisados para a nomeação ao
cargo de bispo. Ele disse que a
Teologia da Libertação de orientação marxista não tem o apoio do
papa.
Na avaliação do prefeito apostólico nomeado, outro requisito para o candidato a bispo deve ser o
relacionamento com as autoridades civis. Além disso, ele disse que
pesam na nomeação as atividades
sociais do religioso.
No novo cargo, d. Lucas terá audiência com o papa uma vez por
semana. Se o papa pedir, o prefeito
nomeado poderá avaliar a situação de determinada diocese. D.
Lucas disse que não há problemas
nas dioceses brasileiras.
A avaliação dos candidatos a bispo também é feita por outros 20
cardeais que participam da congregação, disse d. Lucas.
Ele deverá assumir o novo cargo
no dia 25 de julho. Disse que poderá ser consultado sobre a nomeação de seu substituto em Salvador,
se a sucessão não for decidida pelo
próprio bispo antes de sua posse
no Vaticano. "É natural que ele
me consulte", disse d. Lucas.
O ex-presidente da CNBB disse
que pedia desculpas aos religiosos
da Bahia por não ter comunicado
os entendimentos feitos com o papa para sua transferência. Os bispos da CNBB desconheciam também o assunto. Até o dia 10 de julho, o ex-presidente da CNBB continuará na função de administrador apostólico da diocese de Salvador .
(ABNOR GONDIM)
Colaborou a Redação
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