São Paulo, sexta, 26 de junho de 1998

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Para d. Jayme, democracia no país não é social

da Sucursal de Brasília

O novo presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d. Jayme Chemello, 65, bispo de Pelotas (RS), criticou ontem a economia que gera desemprego e defendeu a criação, pelo governo, de um "salário-mãe" para remunerar as mulheres que cuidam de seus filhos.
Ele também atacou a democracia brasileira. "A democracia não é social e não pode ser feita na véspera da eleição. A igreja deve iluminar a consciência dos eleitores, sem tomar partido."
D. Jayme quer incluir a proposta nas sugestões que serão apresentadas na Campanha da Fraternidade de 99, cujo tema "Desemprego... Por quê?" foi aprovado ontem. "É coisa bonita que as mulheres trabalhem fora para colaborar com a sociedade. Por outro lado, quantas ficam em casa cuidando de seus filhos? E esse é um trabalho não valorizado pela sociedade."
Ele disse que a chamada globalização da economia deveria ser feita mais lentamente. "É fácil culpar os políticos. A culpa também é nossa, da igreja, e da sociedade."
D. Jayme também condena os saques e as invasões promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Ele disse que pretende viajar ao Vaticano para analisar o documento preparado pela Santa Sé, que foi considerado um elogio ao programa de reforma agrária pelo ministro Raul Jungmann (Política Fundiária).
Nos anos 60, assessorou movimentos da Igreja Católica que contribuiriam para o surgimento da Teologia da Libertação. Ele é tido como um bispo diplomático, que dialoga com os vários segmentos da igreja.


Colaborou a Agência Folha, em Porto Alegre



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