São Paulo, quinta-feira, 26 de julho de 2001

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INQUÉRITO

Juiz evita quebra de sigilos já; defesa vê indício de inocência de Maluf

Polícia vai investigar contas de Jersey

DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça de São Paulo determinou a abertura de inquérito policial para apurar a origem do dinheiro depositado em nome do ex-prefeito Paulo Maluf e familiares na ilha de Jersey, um paraíso fiscal no canal da Mancha.
O objetivo é saber se os recursos (US$ 200 milhões ou R$ 497,6 milhões ao câmbio de ontem) são de fonte ilícita. Uma das hipóteses com que o Ministério Público paulista trabalha é a de que eles viriam de desvio de verba de obras como o túnel Ayrton Senna.
Paulo Maluf nega que seja dono do dinheiro depositado no paraíso fiscal. O advogado de Maluf, Arnaldo Malheiros Filho, afirmou que a decisão do juiz mostra que não há provas contra o ex-prefeito. "Se ele mandou apurar, é sinal de que não existe prova nenhuma. Pode investigar", disse.
A decisão do juiz Maurício Lemos Porto Alves, do Departamento de Investigações Policiais, veio em resposta ao pedido da promotoria para que seja autorizada a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do ex-prefeito, de sua mulher, Sylvia, de seus quatro filhos e de uma de suas noras.
Para Porto Alves, antes que o pedido fosse apreciado, haveria necessidade de se instaurar inquérito policial para obter evidências suficientes de que o dinheiro viria de prática criminosa.
"Não se justifica, pois, que a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico anteceda o início de investigação criminal, por instituição que tenha essa incumbência como obrigação natural", afirmou o juiz em seu despacho.
O Ministério Público Estadual pediu a quebra dos sigilos com base em informações recebidas das autoridades de Jersey pelo Coaf (Conselho de Administração de Atividades Financeiras).
Após receber a decisão judicial, o delegado Célio Gomes de Andrade, do Setor de Investigações Gerais da Polícia Civil, terá 15 dias para ouvir os envolvidos. O inquérito correrá sob segredo de Justiça. "Concordo com o sigilo. Há documentos que não devem ser divulgados para não atrapalhar a investigação", afirmou o promotor Silvio Marques.


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