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SUCESSÃO NO ESCURO
Entidade com 50 mil sócios financia "pregações" nos Estados
Empresários evangélicos pagam viagens de Garotinho
ANTONIO CARLOS DE FARIA
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO
Uma entidade pouco conhecida
do grande público, mas com 50
mil associados em todo o país,
transformou-se num dos principais aliados do governador do
Rio, Anthony Garotinho, na disputa à Presidência da República.
É a Adhonep (Associação de
Homens de Negócio do Evangelho Pleno), organização formada
majoritariamente por empresários evangélicos e que tem Garotinho (presbiteriano) entre seus associados. São os núcleos da Adhonep que financiam as viagens de
Garotinho (PSB) aos Estados para
fazer preleções religiosas e campanha. Só na última semana, ele
viajou para Minas Gerais e Piauí.
A Adhonep surgiu em 1952, nos
Estados Unidos. A filial brasileira
foi criada em 1982 pelo empresário Custódio Rangel Pires. Hoje
ele é o presidente internacional da
entidade, que atua em 140 países.
Pires, 79, evangélico e industrial
do ramo de plásticos no Rio, não
esconde o apoio a Garotinho. "Ele
é um homem convertido, nascido
de novo. Existe uma malhação
nele por isso. É uma injustiça. Ele
tem o apoio dos evangélicos e dos
cristãos da Adhonep", diz.
A entidade está realizando desde anteontem no Rio seu 18º encontro nacional. O evento está orçado em R$ 1,5 milhão, com a participação de até 15 mil pessoas.
Garotinho participou da abertura do encontro, quando a
Adhonep lançou uma moção de
solidariedade ao governador. A
nota diz que ele é vítima de acusações falsas e de discriminação e
ataca a "mídia sensacionalista".
Há hoje 800 núcleos da Adhonep no Brasil. Cada um vive das
contribuições dos sócios. A anuidade custa R$ 180, para o casal, ou
R$ 1.200, para os "sócios-ouro".
O presidente da Adhonep afirma que a entidade é apartidária.
Embora seja de maioria evangélica, tem católicos e espíritas entre
seus sócios. Pires diz que a instituição tem por objetivo levar a palavra de Deus a membros das
classes média e alta. Ele é a favor
da reforma agrária, contra a pena
de morte, a união homossexual
("é sodomia") e a descriminação
do aborto. Sobre drogas, afirma
que elas são "um poder maligno",
mas que o usuário deve ser educado para que "se liberte".
A entidade considera praxe pagar despesas de passagem e hospedagem dos "preletores" (os
convidados a fazer preleções). No
caso do governador, isso inclui o
custeio de sua comitiva.
"Todos questionam quem paga
minhas viagens, mas ninguém investiga como Itamar Franco
(PMDB) vem para o Rio quase todo final de semana, e Ciro Gomes
(PPS) faz viagens pelo país", afirmou Garotinho, atacando dois
pré-candidatos à Presidência.
Embora não constasse da programação oficial, uma das convidadas a falar ontem no encontro
foi a senadora Marina da Silva
(PT-AC), da Assembléia de Deus.
Marina disse que viajou ao Rio
por sua conta, para tratar da saúde, mas que teria uma diária de
hotel paga pela Adhonep.
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