São Paulo, sexta-feira, 26 de julho de 2002

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ESTRATÉGIA

Encontro visa acalmar mercado e sinalizar que tucano, e não Ciro, representa a continuidade da política econômica

Com aval de FHC, Serra almoça com Malan

RAYMUNDO COSTA
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidenciável tucano, José Serra, e o ministro da Fazenda, Pedro Malan, que atravessaram os dois mandatos do governo Fernando Henrique Cardoso em posições quase sempre antagônicas, têm um almoço marcado para hoje. O encontro tem um duplo objetivo: acalmar o mercado financeiro num momento em que a cotação do dólar ronda a casa dos R$ 3 e sinalizar que Serra, e não Ciro Gomes (PPS), é para o governo o candidato à Presidência que representa a continuidade da política econômica.
Combinado de comum acordo com o presidente Fernando Henrique Cardoso, o almoço só foi confirmado no meio da tarde de ontem, quando a cotação do dólar rondava a casa dos R$ 3. Serra, que iria ao Amapá, e Malan, que iria para o Rio, tiveram de compatibilizar suas agendas.
Do ponto de vista político, o almoço serve para o governo fazer uma clara separação entre Serra e Ciro. Os partidos que apóiam Ciro, na ótica do Planalto, estariam tentando convencer setores mais conservadores do empresariado que Serra e Ciro representavam o mesmo em termos de continuidade da política econômica.
O encontro também é um sinal da maior presença de FHC na campanha de seu ex-ministro da Saúde, conforme defendiam setores da equipe do candidato da "Grande Aliança", nome oficial da coligação PSDB-PMDB, e do próprio governo.
A intervenção no preço dos combustíveis, especialmente do gás de cozinha, já foi um movimento do maior engajamento de FHC na campanha. Serra deve "colar" de vez sua candidatura ao governo para tentar se beneficiar da popularidade de FHC, que ronda os 30% de aprovação.
O presidente também deve participar mais ativamente da campanha de Serra e não ficar restrito ao horário eleitoral gratuito, o chamado "palanque eletrônico", a partir de 20 de agosto. Nos próximos dias, FHC deve participar de algum evento de apoio a Serra.
Malan e Serra divergiram, no governo, sobretudo no que se refere à sobrevalorização cambial, adotada até janeiro de 1999, e às altas taxas de juros -desde março Serra defendia uma redução, só adotada semana passada.
Malan era uma opção de FHC para a Presidência pelo menos até abril, quando o ministro da Fazenda decidiu permanecer no cargo e não se filiar a um partido político a fim de concorrer às eleições. Só recentemente Malan declarou seu voto em Serra.



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