São Paulo, sexta-feira, 26 de julho de 2002

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ESPÍRITO SANTO

Segundo a PF, artefato era de fabricação caseira

Bomba explode na sede da OAB em Vitória, mas ninguém fica ferido

MAURO ALBANO
DA AGÊNCIA FOLHA

Uma bomba explodiu na tarde de ontem no prédio da seccional capixaba da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), em Vitória (ES). Não houve feridos.
Os peritos da Polícia Federal encontraram um bilhete perto do local da explosão. O conteúdo não foi divulgado -segundo a PF, o bilhete estava dobrado e não foi aberto para preservar impressões.
A PF não soube informar se havia relação entre a explosão e as investigações para combater o crime organizado no Espírito Santo. A leitura do texto só seria possível após análise da perícia.
A explosão ocorreu aproximadamente 17h15, no banheiro masculino do quarto andar -o mesmo da presidência da entidade. No auditório do prédio, também no quarto andar, ocorria uma solenidade de entrega de carteira a novos bacharéis. Cerca de 130 pessoas estavam presentes.
A bomba -caseira e de pequena proporção, segundo a PF- destruiu um vaso sanitário.
Dois policiais federais que atuam na proteção do presidente da OAB-ES, Agesandro da Costa Pereira, que já recebeu ameaças de morte, isolaram o local e solicitaram a perícia. Um conselheiro da OAB-ES havia recebido, por celular, ameaça de que os membros da entidade seriam "metralhados" anteontem.
O Ministério da Justiça divulgou nota ontem sobre o atentado à sede da OAB no Espírito Santo afirmando que "o governo federal irá apurar o fato à exaustão". Um grupo de policiais federais já estaria no local analisando os restos da bomba e imagens gravadas pelo circuito interno de TV.
Segundo a nota, o artefato é, provavelmente, uma "cabeça de nego". Há três agentes, um papiloscopista, dois peritos e dois delegados da PF investigando indícios de autoria do atentado.
"No ano passado, atentados contra a OAB só reforçaram a luta pela democracia e pelo Estado de Direito. Motivarão, agora e com igual intensidade, o combate ao crime organizado", diz a nota. No início do mês o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, arquivou pedido de intervenção federal no Estado por conta de violações aos direitos humanos.
"Essa violência apenas mostra que o pedido de intervenção se justificava e que seu arquivamento beneficiou os criminosos", afirmou Rubens Approbato, presidente nacional da OAB em nota ontem. Após o arquivamento do pedido de intervenção, foi criada uma missão formada pela PF e Ministério Público Federal- para atuar no Estado por 90 dias.
O Fórum Reage Espírito Santo, ONG que discute medidas de combate ao crime organizado, havia entregue ao Ministério da Justiça lista com 15 nomes de testemunhas e vítimas ameaçadas de morte. Há nomes de ativistas, jornalistas, advogados, promotores, policiais civis, deputados e juízes estaduais que receberam ameaças para interromper ações contra o crime organizado no Estado.


Colaborou a Sucursal de Brasília



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