|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Governo contorna a rebelião na base
e tenta concluir votação da reforma
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo conseguiu contornar
na noite de ontem uma rebelião
em sua base aliada no Congresso e
vai tentar concluir na manhã de
hoje a aprovação da reforma tributária na comissão especial da
Câmara dos Deputados.
O único obstáculo aparente vai
ser a resistência da oposição, notadamente do PFL, que anunciou
a manutenção da tentativa de
obstruir regimentalmente a votação. À tarde, o Palácio do Planalto
foi surpreendido com a informação de que seis dos dez maiores
partidos da base aliada apresentaram destaques de bancada (tentativas de modificação) ao relatório
do deputado Virgílio Guimarães
(PT-MG), contrariando acordo
feito entre os próprios aliados.
Os líderes das bancadas governistas se reuniram à noite com José Dirceu (Casa Civil) e acabaram
decidindo abrir mão dos destaques após terem novamente recebido a garantia de que as modificações reivindicadas serão discutidas e possivelmente acolhidas
até a votação em plenário.
"Eles apresentaram os destaques mais para marcar posição,
para deixar claro seus pontos de
vista, mas tudo acabou se acertando", afirmou o deputado Paulo
Bernardo (SP), vice-líder do PT.
O texto-base da reforma foi
aprovado sexta na comissão, mas
os destaques ficaram para votação hoje -250 individuais e 12 de
bancada, incluindo os seis da base
aliada (PTB, PL, PV, PSB, PPS e
PC do B) que serão retirados.
Ainda durante a reunião, ficou
acertado que o governo vai ceder
em pelo menos um ponto, que é o
de alterar o relatório ainda na comissão e incluir a prorrogação
dos benefícios fiscais à Zona
Franca de Manaus por dez anos,
de 2013 para 2023. Será redigida
uma emenda -assinada por todos os líderes- ao relatório.
A alteração ocorrerá agora por
uma questão de procedimento,
afirmam os governistas. Eles dizem que é mais fácil o acordo político sobre o tema na comissão,
que tem 38 integrantes, do que no
plenário, com 513 deputados.
Rumo ao plenário
Superada a fase da comissão, o
governo deve abrir amanhã as negociações com oposição, base
aliada, prefeitos e governadores
para construir a proposta que será
levada ao plenário.
Segundo João Paulo, não há
possibilidade de a votação em primeiro turno ocorrer ainda esta semana. "Não dá para votar na
quinta. Na comissão, dá para tocar sem a profundidade do acordo político. No plenário, isso tem
que estar bem afinadinho", afirmou. A intenção do governo é de,
se tudo der certo hoje, tentar votar
a Lei de Falências amanhã.
O temor do Planalto com a
apresentação de destaques da
bancada aliada era o de que os trabalhos da comissão, que devem
começar às 10h, se prolongassem
de forma a inviabilizar a votação
em plenário, à noite, do segundo
turno da reforma da Previdência.
Os 250 destaques individuais
devem ser votados e rejeitados em
conjunto, já que os governistas
são maioria na comissão.
Texto Anterior: Reforma aos pedaços: Relator admite que projeto pode elevar carga tributária Próximo Texto: Na TV, Zeca do PT anuncia acordo com relator Índice
|