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REFORMA AOS PEDAÇOS
Aliados apresentam seis destaques para alterar texto
Base desobedece governo e propõe mudar a tributária
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A tentativa do governo de concluir hoje a votação da reforma
tributária na comissão especial da
Câmara vai enfrentar dois obstáculos anunciados ontem: o PFL
afirmou que manterá a atitude de
tentar obstruir regimentalmente
os trabalhos e seis dos dez maiores partidos da base desobedeceram a orientação do Planalto e
apresentaram destaques de bancada ao relatório do deputado
Virgílio Guimarães (PT-MG).
O texto-base da reforma foi
aprovado na sexta-feira na comissão, mas os destaques (tentativas
de modificação) ficaram para votação hoje -são 250 individuais e
12 de bancada. Havia acordo entre os líderes dos partidos aliados
para que nenhum deles apresentasse destaque de bancada na comissão, reservando a discussão
sobre as alterações que defendem
para a votação no plenário.
PTB, PL, PV, PSB, PPS e PC do B
descumpriram o acerto e apresentaram seis destaques. Os outros seis são da oposição (três do
PFL e três do PSDB). "Há um
compromisso de que a base aliada, unida, não aceitará alterações
na comissão. Até amanhã [hoje],
vamos negociar com os líderes
para que eles retirem seus destaques", afirmou o deputado Professor Luizinho (PT-SP), vice-líder do governo. A negociação incluía uma reunião entre os líderes
dos partidos da base aliada e o ministro José Dirceu (Casa Civil)
ainda na noite de ontem.
O temor do governo é que os
trabalhos da comissão, que devem começar por volta das 10h, se
prolonguem de forma a inviabilizar a votação em plenário, durante a noite, do segundo turno da reforma da Previdência.
Os 250 destaques individuais
devem ser votados e rejeitados em
conjunto, já que os governistas
são maioria na comissão, com 27
dos 38 integrantes. O problema é
que os destaques de bancada são
votados um a um e podem representar um problema para o governo caso o PFL cumpra a ameaça
de obstruir os trabalhos -pedir
verificação nominal das votações
simbólicas, levantar questões de
ordem, alongar discursos etc.
Entre as tentativas de modificação propostas pelos aliados, destacam-se a do PSB, que pretende
manter a CPMF provisória (a reforma dá caráter permanente à
contribuição), prorrogando-a para 2007, e a do PL, que mantém a
possibilidade de concessão de benefícios fiscais pelos Estados (a
guerra fiscal) por 15 anos e não
por 8, como prevê o relatório.
Apesar de cobrar a fidelidade
dos aliados, o governo deve aceitar ceder em pelo menos um ponto hoje, que é o de alterar o relatório ainda na comissão e incluir a
prorrogação dos benefícios fiscais
à Zona Franca de Manaus por dez
anos, de 2013 para 2023.
O governador do Amazonas,
Eduardo Braga, se reuniu ontem
durante a tarde com os presidentes do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), e da Câmara, João
Paulo Cunha (PT-SP), para tratar
da questão. À noite, acertaria os
detalhes finais com Dirceu.
A mudança ocorreria agora por
uma questão de procedimento,
afirmam os governistas. Eles dizem que é mais fácil o entendimento político sobre o tema na
comissão -38 integrantes- do
que no plenário -513 deputados.
Negociações
Apesar da falta de entendimento em relação aos procedimentos,
é certo que, a partir da aprovação
na comissão, o governo federal
abrirá as negociações com a oposição, base aliada, prefeitos e governadores, que estarão em peso
em Brasília nesta semana.
Segundo João Paulo, essas tratativas impedirão a votação da reforma no plenário ainda nesta semana. "Não dá para votar na
quinta. Na comissão, dá para tocar sem a profundidade do acordo político. No plenário, isso tem
de estar bem afinadinho senão a
quantidade de problemas é muito
grande e dificulta ainda mais a
aprovação da matéria", afirmou.
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