São Paulo, quinta-feira, 26 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SERVIDORES

Órgão do TJ determina desconto dos dias parados

Judiciário paulista vai continuar a greve que já dura quase dois meses

UIRÁ MACHADO
DA REDAÇÃO

Os servidores do Judiciário paulista vão continuar a greve -que já dura 59 dias- pelo menos até o dia 8 de setembro. A decisão foi tomada em assembléia realizada ontem, às 14h, na praça João Mendes (região central). A principal reivindicação é a reposição salarial de 39,19%.
Ontem, o presidente do TJ (Tribunal de Justiça), Luiz Elias Tâmbara, afirmou que vai manter sua proposta de aumento médio de 10% aos servidores. Além disso, sua assessoria informou que o órgão especial do TJ determinou o desconto dos dias parados.
Nesses quase dois meses de greve, cerca de 12 milhões de processos estão parados em todo o Estado. Para o presidente da OAB-SP, Luiz Flávio Borges D'Urso, a situação é "trágica" e demorará anos para ser normalizada.
"Em São Paulo, acabou a Justiça. Esse é o diagnóstico. O caos se avizinha e a sociedade sai perdendo muito", afirmou D'Urso.
O presidente da OAB também disse que vai recorrer da decisão que cassou a medida liminar proferida pela Justiça Federal, que determinava a cobrança de multa diária de R$ 50 mil das entidades líderes da greve.
O presidente em exercício da Associação dos Advogados de São Paulo, José Diogo Bastos Neto, afirmou que "a cada dia que passa, o drama aumenta" e que "o prejuízo é geral". Bastos Neto também destacou o prejuízo dos próprios advogados.
"Quem mais sofre são os advogados que trabalham por conta própria e ganham pouco. Por exemplo, os cerca de 40 mil do convênio de assistência judiciária recebem pela participação em processos. Muitos estão há quase 60 dias sem receber", disse.

Greve de fome
Servidores do Judiciário em Bauru (343 km a noroeste de São Paulo) retiraram equipamentos como computadores e impressoras do fórum da comarca.
"Retiramos 35 computadores, 15 impressoras, três armários, 35 cadeiras e três ventiladores, todos de propriedade dos próprios funcionários", disse José Almeida Falcão, escrevente técnico judiciário. Ele e a mulher, Luciana Dias Duarte, oficial de Justiça, estão em greve de fome desde segunda.


Colaborou a Agência Folha

Texto Anterior: Judiciário/outro lado: Em carta, juíza se diz vítima de injustiças
Próximo Texto: Previdência: SP terá que devolver R$ 57,2 mi a inativos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.