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TERCEIRA VIA
Reunião debate novo ideário europeu
FHC é convidado a
"cúpula ideológica"
CLÓVIS ROSSI
do Conselho Editorial
O presidente Fernando Henrique Cardoso será convidado
a participar, em novembro, do
primeiro grande encontro de
cúpula para discutir a chamada
Terceira Via, uma proposta
originalmente do primeiro-ministro britânico, Tony Blair.
A reunião contará, em princípio, com a presença de quatro
governantes de grandes potências, inclusive o norte-americano Bill Clinton. Os demais são
o anfitrião, o italiano Massimo
D'Alema (ex-comunista), o
alemão Gerhard Schroeder e o
francês Lionel Jospin, até agora
refratário a participar das discussões sobre a Terceira Via.
O encontro será em Florença,
e a idéia dele foi lançada durante o encontro entre Blair e FHC,
em maio passado, em Londres.
A Terceira Via é um caminho
intermediário entre o neoliberalismo, hoje hegemônico, e as
antigas teses estatizantes da social-democracia, grupo político a que pertencem, teoricamente, todos os participantes,
exceto Clinton.
O movimento é assim definido por Peter Mandelson, ex-ministro de Blair e seu principal ideólogo: "Há uma alternativa aceitável às políticas cruas
e de pouco caso da direita conservadora que não significa
voltar às velhas idéias da esquerda de elevado gasto e controle estatais".
Em junho, Blair e Schroeder
lançaram manifesto conjunto
chamado justamente "Europa:
a Terceira Via, o Novo Centro"
(o slogan a partir do qual
Schroeder elegeu-se premiê
alemão, em outubro de 98).
O texto, embora carregado de
generalizações, é uma heresia
para sociais-democratas, ao
defender que "o Estado não deve crescer, mas reduzir-se".
O documento condena também a excessiva regulamentação da economia, outra característica dos modelos sociais-democratas. "Menos regulamentação e mais flexibilidade.
A regulamentação é a inimiga
do nosso êxito", diz o texto.
Como concessão a Jospin,
que se considera mais autenticamente social-democrata e
desconfia das propostas liberais de seus pares, o documento incluiu uma frase do premiê
francês: "Apoiamos uma economia de mercado, mas não
uma sociedade de mercado".
É a única restrição ao mercado constante do texto, ainda
que seja vaga.
Tanto a Terceira Via de Blair
como o Novo Centro de
Schroeder enfrentam fortes
críticas internas nos respectivos partidos.
Manifesto recente de 44 dos
416 deputados trabalhistas britânicos pede respeito a um partido autenticamente social-democrata. Na Alemanha, dirigentes regionais do SPD (Partido Social Democrata) criticaram a guinada para o centro de
Schroeder.
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