São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 2000

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Indígenas pedem voto a patrícios

DA AGÊNCIA FOLHA, EM AQUIDAUANA

"Enepo yakahá'a kevánei'i vótuna îti, yakávanea, itea akó kevâne tumune xi'íxa." A frase, em idioma terena, foi dita no comício de quinta-feira na aldeia Limão Verde, em Aquidauana (MS), pelo índio terena Wanderlei de Souza, 24, que disputa ao cargo de vereador pelo PT. Significa: ""Se quiser vender seu voto, venda. Mas não venda o futuro de seu filho". Foi a mais aplaudida.
Depois, em português, pede o voto aos seus ""patrícios". "O Brasil é um país rico, gente. Por que então passamos necessidade, não temos empregos, terra, dinheiro para tocar a lavoura? Os políticos roubam a nossa dignidade. Você pode reverter isso, votando em nossos patrícios (índios)", disse.
O comício na aldeia pouco difere dos que acontecem nos centros urbanos. Tem palanque, caixa de som e grupos organizados que apóiam os candidatos com bandeiras, bonés e camisetas. Os índios fazem campanha a pé ou de bicicleta. Os partidos entram com santinhos e ajuda de locomoção.
A comunidade indígena do Mato Grosso do Sul vive um momento de agitação política. No início do mês, dez líderes indígenas das aldeias de Aquidauana e Miranda denunciaram à Funai, em Brasília, o terena Mariano Marques Terena, 47, coordenador-geral de Defesa dos Direitos Indígenas.
Terena estaria usando a força do cargo, o maior ocupado por um índio na Funai, para contratar parentes, quatro irmãos e a mãe. O índio rebate as acusações dizendo que sofre "perseguições políticas por inveja". (CBJ)


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