São Paulo, quinta-feira, 26 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Petebista pede afastamento de Mangabeira e de Freire

PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Secretário-geral do PTB de São Paulo e um dos vice-presidentes nacionais da sigla, o deputado Campos Machado pediu ontem o afastamento do filósofo Roberto Mangabeira Unger e do senador Roberto Freire, presidente do PPS, da campanha presidencial de Ciro Gomes (PPS).
Referindo-se a ambos como "derrotistas" e "pseudo-aliados", disse esperar que os dois deixem voluntariamente a campanha.
"Estamos em recuperação [nas pesquisas]. O desânimo já acabou. Pessoas que não acreditam na vitória não podem ficar na guerra", declarou Machado.
O pedido amplifica a crise gerada pela notícia de que Mangabeira, coordenador do programa de governo de Ciro, teria procurado Anthony Garotinho (PSB), sugerindo que ele e o pepessista abandonassem a disputa em favor de Luiz Inácio Lula da Silva ainda no primeiro turno da eleição.
Tanto Mangabeira quanto Ciro se recusam a falar sobre o assunto. Questionado ontem, o presidenciável do PPS limitou-se a dizer que sua candidatura ""pertence ao povo brasileiro e aos milhões que estão indicando" que vão levá-lo ao segundo turno com Lula.
Procurado pela Folha, Mangabeira, que na segunda-feira não negou o encontro, não foi localizado. Mas integrantes do comando da campanha do ex-governador do Rio confirmaram ter ouvido dele a proposta.
O episódio provocou muita irritação em Ciro. O mal-estar tem feito com que assessores do candidato afirmem que a presença de Mangabeira no lançamento oficial do programa de governo amanhã causará "constrangimento" à campanha.
Já o pedido de afastamento de Freire, segundo Machado, está baseado em uma suposta declaração do senador admitindo que Ciro está fora da disputa.
"Não falei isso. Ciro vai estar no segundo turno. Campos Machado que se informe melhor. Ninguém pode ser líder de partido mal informado", afirmou Freire.
O senador declarou, entretanto, que Mangabeira pode se considerar fora da campanha caso seja confirmada sua sugestão de renúncia. ""Não precisam nem se preocupar em afastá-lo porque quem faz isso está auto-afastado."
O líder do PTB na Câmara, Roberto Jefferson, disse que Machado não tem o respaldo do restante da direção nacional do partido. "Apelo para que não faça isso e abra uma nova crise", declarou ele, outro vice-presidente da sigla.
Em entrevista ontem, Ciro aproveitou para mais uma vez criticar Fernando Henrique Cardoso, José Serra (PSDB) e o PT. "[O PT] Fora do poder, sério, bem intencionado. No poder, um desastre. Lá em Fortaleza, pelo menos", declarou, referindo-se à ex-prefeita petista Maria Luiza Fontenelle.
Defendeu ainda o foro privilegiado para ex-presidentes. "É de boa prudência jurídica. Foi um erro acabar. Não é privilégio nenhum." Mas disse que a medida não deverá valer para Fernando Collor de Mello. "Ele já foi julgado há dez anos."



Texto Anterior: Fala de Lula causa mal-estar na Argentina
Próximo Texto: Para ACM, Ciro "dificilmente" vai para o 2º turno
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.