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Petebista pede afastamento de Mangabeira e de Freire
PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Secretário-geral do PTB de São
Paulo e um dos vice-presidentes
nacionais da sigla, o deputado
Campos Machado pediu ontem o
afastamento do filósofo Roberto
Mangabeira Unger e do senador
Roberto Freire, presidente do
PPS, da campanha presidencial
de Ciro Gomes (PPS).
Referindo-se a ambos como
"derrotistas" e "pseudo-aliados",
disse esperar que os dois deixem
voluntariamente a campanha.
"Estamos em recuperação [nas
pesquisas]. O desânimo já acabou. Pessoas que não acreditam
na vitória não podem ficar na
guerra", declarou Machado.
O pedido amplifica a crise gerada pela notícia de que Mangabeira, coordenador do programa de
governo de Ciro, teria procurado
Anthony Garotinho (PSB), sugerindo que ele e o pepessista abandonassem a disputa em favor de
Luiz Inácio Lula da Silva ainda no
primeiro turno da eleição.
Tanto Mangabeira quanto Ciro
se recusam a falar sobre o assunto.
Questionado ontem, o presidenciável do PPS limitou-se a dizer
que sua candidatura ""pertence ao
povo brasileiro e aos milhões que
estão indicando" que vão levá-lo
ao segundo turno com Lula.
Procurado pela Folha, Mangabeira, que na segunda-feira não
negou o encontro, não foi localizado. Mas integrantes do comando da campanha do ex-governador do Rio confirmaram ter ouvido dele a proposta.
O episódio provocou muita irritação em Ciro. O mal-estar tem
feito com que assessores do candidato afirmem que a presença de
Mangabeira no lançamento oficial do programa de governo
amanhã causará "constrangimento" à campanha.
Já o pedido de afastamento de
Freire, segundo Machado, está
baseado em uma suposta declaração do senador admitindo que Ciro está fora da disputa.
"Não falei isso. Ciro vai estar no
segundo turno. Campos Machado que se informe melhor. Ninguém pode ser líder de partido
mal informado", afirmou Freire.
O senador declarou, entretanto,
que Mangabeira pode se considerar fora da campanha caso seja
confirmada sua sugestão de renúncia. ""Não precisam nem se
preocupar em afastá-lo porque
quem faz isso está auto-afastado."
O líder do PTB na Câmara, Roberto Jefferson, disse que Machado não tem o respaldo do restante
da direção nacional do partido.
"Apelo para que não faça isso e
abra uma nova crise", declarou
ele, outro vice-presidente da sigla.
Em entrevista ontem, Ciro
aproveitou para mais uma vez criticar Fernando Henrique Cardoso, José Serra (PSDB) e o PT. "[O
PT] Fora do poder, sério, bem intencionado. No poder, um desastre. Lá em Fortaleza, pelo menos",
declarou, referindo-se à ex-prefeita petista Maria Luiza Fontenelle.
Defendeu ainda o foro privilegiado para ex-presidentes. "É de
boa prudência jurídica. Foi um
erro acabar. Não é privilégio nenhum." Mas disse que a medida
não deverá valer para Fernando
Collor de Mello. "Ele já foi julgado
há dez anos."
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