São Paulo, quinta-feira, 26 de setembro de 2002

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CAMPANHA

Além do candidato petista, tucano volta baterias contra Anthony Garotinho, empatado tecnicamente com ele nas pesquisas

Fora da TV, Serra critica dupla face do PT

RAYMUNDO COSTA
EM SÃO PAULO

O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, decidiu manter a linha de confrontação e ataques a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em entrevistas e debates, estratégia que abandonou desde sábado à noite em seus programas de TV.
Serra fustigou Lula e o PT em pelo menos cinco questões ontem, em entrevista concedida aos jornalistas de "O Estado de S. Paulo", no auditório do jornal, localizado no bairro do Limão, na zona norte de São Paulo.
"Tem o PT da TV e o PT da realidade", disse Serra, repetindo o bordão que os últimos programas haviam deixado de lado (os comerciais ontem atacaram administrações do PT). "Eu às vezes tenho cara mal-humorada, mas tenho só essa. Não tem o Serra da realidade e o Serra da TV."
Além de criticar Lula, o tucano também tomou a iniciativa de atacar o candidato do PSB, Anthony Garotinho. Acusou-o de fazer "propaganda mentirosa" a afirmação feita por Garotinho de que o tucano prometera aumentar o salário mínimo em R$ 11,00.
Contou também que enviou para o Rio cerca de R$ 10 milhões para o combate à dengue, quando era ministro da Saúde, mas que o dinheiro ficou todo no caixa único do governo estadual.
Em relação a Ciro Gomes (PPS), Serra referiu-se de passagem, com deboche. "Quem diz isso [sobre sua capacidade de articular a aprovação de projetos no Congresso] é o Ciro Gomes. Tem alguém com menos credibilidade no mundo, no universo, na galáxia para dizer isso?"
Mas foram Lula e o PT os alvos: "Há vários PT. O do mercado, o que quer tranquilizar o MST, o que quer tranquilizar o movimento sindical. Nós não, nosso discurso é único", ironizou.

Diploma
Serra voltou a acusar a oposição de não querer debater programas de governo e ainda se mostrar "ofendida" quando é chamada para a discussão. E tentou justificar o uso que seu programa fez sobre a exigência de diploma em concurso para fiscal da Prefeitura de São Paulo:
"Dizem [os petistas] que querem dar oportunidade a todos, mas pedem diploma para fiscal de camelô, e para o presidente não? Isso não tem cabimento. Agora, não quer dizer também que não ter diploma é uma boa condição para ser presidente."
Para Serra, a exigência de diploma tem como objetivo dar cargos comissionados aos aprovados.
Serra discordou sobre a afirmação de que o real se desvalorizou em relação ao dólar tanto quanto o peso argentino. "É uma análise completamente errada." Segundo o tucano, enquanto o peso foi desvalorizado a partir da cotação de um por um em relação ao dólar, devido à paridade vigente na Argentina, o real partiu de um patamar em torno dos R$ 2,30.
Serra negou que alguma vez tenha dito que, se não for eleito, o Brasil poderia se transformar em uma nova Argentina: "Eu nunca afirmei isso. Outros dizem isso". Mas ressaltou: "Depois da eleição, se eu ganhar, já haverá reversão de expectativa".
O tucano considerou "altamente provável" a realização do segundo turno. "Eu vou para o segundo turno e no segundo turno começa de novo."
Confirmou que manterá Armínio Fraga na presidência do BC e que espera contar com a colaboração do presidente Fernando Henrique Cardoso: "Ele conhece como poucos as minhas fortalezas e fragilidades. E vice-versa".


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