São Paulo, quinta-feira, 26 de setembro de 2002

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Garotinho admite equívoco em número de casas populares

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidenciável Anthony Garotinho (PSB) atribuiu ontem a um "equívoco" da produção de seu programa de TV o fato de ter sido veiculado anteontem que ele teria criado um programa habitacional quando governou o Rio que teria beneficiado 500 mil pessoas com casas populares.
Garotinho fez a afirmativa durante entrevista ontem ao "Jornal Nacional", da TV Globo, depois de os apresentadores terem citado o erro levantado por reportagem publicada anteontem pela Folha. Na matéria, são apresentados dados oficiais da Cohab (Companhia Estadual de Habitação) segundo os quais foram beneficiou pouco mais de 50 mil pessoas com casas populares.
"Na verdade foi um equívoco da produção. Na minha fala eu não disse isso. Hoje divulgamos uma nota fazendo uma correção, de que em todos os programas, inclusive o "cheque morar feliz", foram beneficiadas pelo menos 300 mil pessoas", disse Garotinho, que não foi questionado pelos apresentadores sobre o novo número divulgado no telejornal.
Ao ser indagado pela apresentadora Fátima Bernardes sobre por que promete casas em seu projeto para o governo federal se não resolveu o programa habitacional do Rio, rebateu: "O déficit do Brasil não é esse, é de 6,7 milhões de moradias, segundo o próprio governo. Você não queria que eu resolvesse em três anos um problema histórico do Rio".
A entrevista durou 10 minutos. Durante a entrevista de Garotinho, o "Jornal Nacional" teve média de 34 pontos de audiência, com picos de 35, segundo dados preliminares do Ibope. Cada ponto equivale a 47 mil domicílios na Grande São Paulo. A entrevista de Serra, anteontem, rendeu 32 pontos à emissora; a de Ciro, na segunda-feira, teve 37 de média.
A segurança foi um tema que os apresentadores usaram para comparar ações de Garotinho no governo do Rio à atuação da atual governadora, Benedita da Silva (PT). Questionaram o que o candidato viu de errado na ação da polícia no caso da rebelião do presídio Bangu 1. O ex-governador respondeu que, "em linhas gerais", na questão da segurança há "falta de autoridade" da governadora. "No caso da rebelião, o que tenho dito é que foi o coroamento de uma política de segurança equivocada."
Ao ser questionado sobre uma data para aumentar o funcionalismo público, Garotinho disse que não iria fazê-lo. "Mas me comprometo a não deixar [a categoria" sem aumento por oito anos, como esse governo", disse.
As perguntas enviadas por internautas foram, na maioria, em relação a questões polêmicas ligadas a dogmas da religião do candidato. Evangélico, Garotinho repete nas entrevistas que, "mesmo perdendo votos", não nega que seja contra a união civil de homossexuais. Sobre a opinião do presidenciável em relação à legalização do aborto, respondeu ser contra o aborto e que os casos previstos pela lei já são atendidos. Ele também disse ser contra a eutanásia. "Temos casos de pessoas no mundo inteiro, que vocês mostraram nesse mesmo telejornal, de pessoas dadas como mortas que se recuperaram."

Insistência
Em entrevista na saída da TV Globo, Anthony Garotinho insistiu no número de 500 mil beneficiados pelos programas habitacionais de seu governo, embora no "Jornal Nacional" tenha falado em 300 mil.
"O texto dava dupla interpretação. [Foram" 500 mil pessoas beneficiadas, não 500 mil pessoas com casa."
Lembrado pelos repórteres que havia citado outro número -300 mil-, Garotinho afirmou: "Eu ressaltei [que eram 300 mil] para falar a verdade".
O presidenciável afirmou que o número não significava a entrega de "casas" para essas pessoas. "Não é casa. São beneficiários do programa habitacional, que envolve reforma de conjunto, subsídio da prestação", afirmou.
(LIEGE ALBUQUERQUE)


Colaborou RAFAEL CARIELLO, da Sucursal do Rio


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