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SÃO PAULO
Proposta do candidato, que prevê volta do sistema de séries e repetência, vai contra sugestão da LDB e não tem apoio de conselho
Plano de Maluf contraria lei da educação
JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Por trás dos ataques que o candidato do PPB ao governo paulista, Paulo Maluf, faz à progressão
continuada, há um plano que prevê a volta da reprovação de alunos
a cada ano letivo, estabelecendo o
fim do atual modelo educacional.
A medida proposta por Maluf
contraria deliberação do Conselho Estadual de Educação, vai
contra sugestão da LDB (Lei de
Diretrizes e Bases da Educação) e
do Ministério da Educação e não
tem apoio entre especialistas, pais
e sindicato dos professores.
Ao abordar o assunto, Maluf
deixa de lado mudanças que o novo regime provocou no Estado,
como a redução da evasão.
A redução surgiu por causa do
fim da reprovação, que passou a
ser admitida ao final dos dois ciclos de quatro anos do ensino
fundamental. O modelo veio para
substituir o antigo, que era de séries, principalmente devido à repetência ao final de cada ano letivo, como defende hoje Maluf.
Apesar de o pepebista não citar
a retenção de alunos em seus programas na TV, em discursos ou
nas entrevistas, seu plano de governo para a educação, lançado
na semana passada, informa: "Esgotadas as oportunidades de progressão, sem êxito, o estudante
permanecerá na mesma série que
está cursando e será objeto de
acompanhamento pedagógico".
Ao regime, que para especialistas significa a volta ao sistema de
séries, Maluf e sua equipe deram o
nome de Sistema de Promoção
Qualificada e Responsável, modelo que não agradou o presidente
do Conselho Estadual de Educação, Francisco José Carbonari.
"[Maluf] Está propondo que se
reprove os alunos como se isso
garantisse alguma coisa. Nosso
sistema foi um dos que mais reprovaram. E [isso] garantiu que
qualidade de ensino?", questiona.
De certa forma, as críticas de
Maluf à progressão continuada,
devido a casos de alunos que passam com deficiência de aprendizado, têm respaldo entre educadores e pais. Mas, para o presidente do conselho, a discussão
deveria envolver outras questões.
"Evidentemente existem correções a serem feitas, mas as correções são no sentido de avançar
com o processo [de progressão
continuada], não de retroceder
[ao sistema de séries e à repetência a cada ano", afirmou.
Caso Maluf leva adiante a idéia
de voltar ao sistema de séries, segundo Carbonari, será necessário
a aprovação do conselho.
"Se você fizer retenção ou aprovação a cada ano, você implantou
de novo a série. Isso vai contra as
concepções pedagógicas mais
avançadas hoje nos países inteligentes", diz Mario Sergio Cortella,
professor de pós-graduação em
educação da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo.
Para o professor, secretário de
Educação da Prefeitura de São
Paulo em 92, quando foi implantado a progressão, a proposta de
Maluf é "populista". "A reprovação ano a ano é a Rota na rua no
campo da educação", afirma.
A proposta malufista também é
criticada pela presidente do Napa
(Núcleo de Apoio a Pais e Alunos), grupo surgido em 97 na zona oeste de São Paulo em defesa
da escola pública. "Reprovar o
aluno é a falência do ensino", diz a
presidente Cremilda Teixeira.
Ela defende "mecanismos de
cobrança" para casos de alunos
que passam sem saber.
"O sindicato sempre defendeu a
progressão, não da forma como
foi implantada", diz Carlos Ramiro de Castro, da Apeoesp (sindicato dos professores).
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