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INSÔNIA PREVIDENCIÁRIA
Votação prossegue na terça, com apreciação de destaques
CCJ do Senado aprova reforma
às 6h, após longa madrugada
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sem acordo entre governo e
oposição para acelerar a votação
da reforma da Previdência na CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, o parecer do líder
do PT, Tião Viana (AC), que mantém inalterado o texto da Câmara,
foi aprovado às 6h de ontem, por
14 votos a 7 (o governo precisa de
12), após uma noite inteira de manobras protelatórias do PFL e do
PSDB, apoiadas pela senadora da
chamada ala radical do PT, Heloísa Helena (AL).
A votação continua na terça-feira, com a apreciação das 200
emendas destacadas. Isso significa que ainda há brechas para alterações de mérito nessa fase da tramitação. A oposição, mesmo minoritária (PFL, PSDB e PDT só
têm 9 dos 23 titulares da CCJ), sinalizou que dará trabalho.
"Tenho voto e tenho tempo. A
única coisa de que preciso é paciência", afirmou o líder do governo, senador Aloizio Mercadante (PT-SP).
Acordo quebrado
Foram mais de 16 horas de reunião, marcadas por provocações,
insultos e bate-bocas. Com o acirramento dos ânimos, os peemedebistas decidiram barrar o acordo entre Mercadante e os líderes
do PFL e do PSDB, pelo qual o governo admitia discutir alterações
de mérito ainda na CCJ.
O entendimento previa as seguintes alterações: nova regra para o subteto salarial do servidor
do Executivo estadual, isenção da
tributação de inativo com mais de
70 anos e/ou portadores de doenças incapacitantes para o trabalho
e redutor zero na pensão de pessoas nas mesmas condições.
"Fizemos uma besteira. Extrapolaram na apresentação de voto
em separado. Rompemos o acordo. Vamos perder tudo", lamentou-se o líder do PFL, José Agripino (RN).
Amparados pelo regimento, senadores do PFL, do PSDB e do
PDT apresentaram -e leram-
sete votos em separado (substitutivos ao parecer do relator), além
de levantarem questões de ordem
sobre os mesmos assuntos.
"Estou sendo quase leniente.
Muito do que tem sido feito em
matéria de obstrução já se transformou em abuso. O regimento
está sendo atropelado", desabafou o presidente da CCJ, Edison
Lobão (PFL-MA).
A reunião começou às 10h30 do
dia anterior. Foi suspensa duas
vezes e retomada definitivamente
na noite de anteontem. A obstrução da oposição paralisou o governo por quase dez horas, até
que o PMDB reagiu e apresentou
um requerimento restringindo a
leitura dos votos em separado, o
que deu início à discussão do parecer propriamente dito.
Os governistas foram acusados
de "truculência" e de "cerceamento da palavra". Conseguiram
impedir que Almeida Lima (PDT-SE) lesse 500 páginas de um voto
em separado. Lima e José Jorge
(PFL-PE) tiveram cinco minutos
para defender suas posições.
Antes, houve leitura integral de
votos em separado de três senadores do PFL e de dois do PSDB.
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