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REGIME MILITAR
Luís Francisco Carvalho Filho diz que presidente "não vestiu boné dos desaparecidos'; para Nilmário, há precipitação
Comissão vê erro de Lula no caso Araguaia
LILIAN CHRISTOFOLETTI
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
O presidente da Comissão de
Mortos e Desaparecidos Políticos,
Luís Francisco Carvalho Filho,
disse ontem que o governo federal
"errou duas vezes" ao propor a
criação de uma comissão interministerial com a finalidade de localizar os corpos de ex-integrantes
da guerrilha do Araguaia -movimento armado combatido pelo
Exército entre 1972 e 1975.
"O primeiro erro foi criar uma
comissão com um objetivo inútil.
Para resolver esse assunto basta
vontade política. Além disso, todo
o processo foi feito sem o conhecimento dos familiares, o que é
absurdo", disse Carvalho Filho.
A nova comissão, que precisa de
um decreto do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva para ser criada, será integrada pelos ministros
José Dirceu (Casa Civil), Márcio
Thomaz Bastos (Justiça), Nilmário Miranda (Direitos Humanos),
José Viegas (Defesa ) e Álvaro Ribeiro da Costa (AGU).
O governo informou que a nova
comissão tem como objetivo tirar
dos familiares o ônus de provarem que seus parentes foram vítimas do Estado. Durante quatro
meses, que podem ser prorrogados por mais quatro, a comissão
ficará encarregada de juntar provas para ajudar os familiares.
"Não precisa de uma comissão
de notáveis para localizar os corpos dos desaparecidos políticos.
Precisa de vontade política", afirmou Carvalho Filho. Desde 2000,
a comissão enviou quatro pedidos de ajuda ao Ministério da Defesa, todos sem resposta. O último, enviado a Viegas no mês passado, também ficou sem resposta.
"O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva já vestiu o boné de muitos
movimentos, mas não vestiu ainda o "boné dos desaparecidos'",
afirmou Carvalho Filho.
Precipitação
Nilmário Miranda considerou
as críticas precipitadas. "Não existe uma comissão ainda, o decreto
não foi assinado pelo presidente.
Então, não dá para saber o que estará escrito no decreto. O governo, pela primeira vez, está propondo assumir um papel, que
sempre foi cobrado, de colher informações. O grupo vai buscar as
informações e repassar para a Comissão de Mortos e Desaparecidos, que é permanente", disse.
Suzana Lisboa, representante
dos familiares das vítimas na comissão, criticou o governo pelo
fato de os familiares não terem sido consultados. "Tivemos conhecimento da nova comissão por
meio da imprensa. Vejo com
muita estranheza e desconforto
essa situação", disse.
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