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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ OUTRO LADO
Segundo empresário, corretora tornou-se centro das atenções para distrair a PF da transação ilegal de dinheiro para partidos políticos
Empresa é alvo de massacre, diz sócio da Bônus-Banval
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bônus-Banval transformou-se em alvo de massacre da mídia
para evitar que as investigações da
Polícia Federal e das CPIs cheguem aos verdadeiros donos do
dinheiro repassado ilegalmente a
partidos políticos. A avaliação é
de um dos sócios da corretora,
que não quis ter seu nome divulgado nos jornais.
A Bônus-Banval, segundo ele,
foi a única empresa que ofereceu à
CPI e à Polícia Federal a quebra de
seus sigilos bancários, telefônicos
e fiscais, além de documentos. Foi
a primeira a reconhecer a movimentação de valores acima do total informado por Marcos Valério. E teve a preocupação, diz o sócio, de periciar essas operações.
"Gostaria de entender por que a
Bônus-Banval virou um alvo tão
privilegiado quando há coisas
muito mais graves para apurar,
com valores mais elevados", diz o
advogado da Bônus-Banval, Antônio Sérgio de Moraes Pitombo.
A explicação, para o sócio, é
simples: desviar a atenção sobre
as atividades da Guaranhuns, empresa de fachada, na definição dele, que serviu para o repasse dos
recursos.
Laudo elaborado pela Bordin
Consultores atesta que todas as
operações da Bônus-Banval com
o publicitário Marcos Valério de
Souza foram legais e devidamente
registradas, segundo a corretora.
Valério depositou R$ 6,5 milhões na Bônus-Banval, segundo
os registros da Bordin. Os recursos foram integralmente repassados à Natimar para a compra de
ouro e investimentos na BM&F.
Mais tarde, o resultado das aplicações foi transferido a pessoas indicadas pela Natimar por meio de
cartas. A Bônus-Banval reteve
apenas o valor da comissão de
corretagem.
A lista de beneficiários finais das
operações foi entregue à CPI dos
Correios e à Polícia Federal. A auditoria feita para mostrar a transparência dos negócios da corretora foi usada pela mídia para atacar
a corretora, segundo o sócio.
Os problemas da empresa começaram, conta ele, em 2002,
quando um cliente deu um calote
de R$ 4,5 milhões na corretora, o
que quase levou a empresa à lona.
Os donos chegaram a fazer empréstimos de agiotas; todos os negócios que pudessem encorpar o
caixa eram muito bem-vindos.
Foi assim, disse, que a Bônus-Banval entrou em contato com
vários corretores autônomos -
profissionais que fecham negócios em nome da empresa, mas
carregam sua própria carteira de
clientes. Por meio deles, os doleiros teriam usado a corretora para
fazer negócios. Mas, ressalta, apenas em operações legais.
Apesar da chegada dos novos
clientes, os donos mantiveram a
disposição de vender a corretora.
Conforme o sócio relatou à Folha,
isso pareceu possível quando o
deputado José Janene (PP-PR),
pai de uma das funcionárias da
Bônus-Banval, apresentou um interessado: Marcos Valério.
Durante meses, afirma o sócio,
todos se desdobraram para atender os pedidos de Valério. Em
agosto de 2004, quando o publicitário disse que não iria comprar a
Bônus-Banval, os sócios venderam à BM&F o título para operar
no mercado. Não foram cassados
ou expulsos, diferentemente do
que foi noticiado, diz a corretora.
O sócio diz que jamais fechou
transações para Alberto Youssef,
Dario Messer e Toninho da Barcelona. Também nunca viu o deputado José Dirceu (PT-SP). Informa ainda que os negócios com
fundos de pensão eram esporádicos e em pequeno volume.
Valério nega ter tentado comprar a Bônus-Banval ou contatos
com a Natimar.
Ricardo Tepedino, advogado de
Edemar Cid Ferreira, diz que não
há qualquer prova de que o banqueiro tenha remetido recursos
para fora do Brasil. A Folha não
conseguiu localizar Nelma Cunha
nem seu advogado.
(MCC e JL)
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