São Paulo, Terça-feira, 26 de Outubro de 1999
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PAINEL

Raia própria

Para a cúpula do PT, Garotinho quer mais do que romper com a seção petista do Rio: deseja marcar diferença com Lula, mostrando que não é refém de ""radicais". Na avaliação petista, o governador do Rio também teria recebido sinais de que é mais palatável ao Planalto do que Ciro e estaria jogando para ser a alternativa em 2002.

Anti-Lula e anti-Ciro

""Eu sou o centro", diz um cacique petista, avaliando qual a mensagem que Garotinho quer passar ao dar uma declaração que sabia daninha à relação com o PT e depois exonerar petistas de seu secretariado antes que eles colocassem os seus cargos à disposição, como decidido em convenção anteontem.

Candidatíssimo

Lula está uma arara, mas se controlou ontem para não bater pesado em Garotinho por ele ter chamado o PT de ""Partido da Boquinha". Depois de a sigla ser acusada de intransigente por impedir que governadores se reunissem com FHC, ele acha errado o PT romper com um governo que apoiou na eleição. O eleitor não entenderia, avalia.

Briga federal

Medida provisória sobre precatórios que deve ser votada hoje pelo Congresso pode abrir nova guerra entre ACM e a OAB. Advogados dizem que a MP foi modificada, por instrução do pefelista, a fim de permitir recalculo de precatórios que já tramitaram em julgado.

Compensação

A equipe de Duda Mendonça, que fez a campanha derrotada de Eduardo Duhalde à Presidência argentina, foi convidada ontem para cuidar da conta de Carlos Ruckauf, que venceu a eleição para o governo da Província de Buenos Aires.

Psiu!

Pitta diz que nunca sondou agência de publicidade para tratar de sua imagem e de uma eventual campanha à reeleição. Os marketeiros sondados afirmam que acham ótimo o prefeito de SP dizer isso, pois não querem associar as imagens.

Caiu na real

ACM mandou um recado a Tasso: o tucano precisa botar a cara para fora e aparecer mais como candidato a presidente. O cearense é a alternativa do PFL para manter a coligação com o PSDB em 2002. Tasso tem preferido se manter quieto.

Jogo de cena

Bornhausen nega que o PFL tenha desistido da candidatura própria em 2002. "Não estou fazendo partido para morrer na estrada", diz. Mas a sensação de caciques pefelistas é a de que o nome de ACM micou e as opções disponíveis (Maciel, Lerner e Roseana) não são viáveis.

Então, tá

Reação de José Jorge (PFL-PE) às pesquisas que mostram ACM atrás de Itamar, hoje no PMDB, nas intenções de voto para 2002: "É erro de pesquisa".

Não é comigo

O Ministério da Educação diz que não poderia, mesmo se quisesse, fazer algo a respeito da nova denúncia de corrupção na USP, pois a universidade é estadual. Afirma que tem se empenhado por uma reforma universitária, o que afetaria todo o sistema e não só as que recebem verba diretamente da União.

Costura por fora

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) fechou um acordo com Mussa Demes(PFL), relator da reforma tributária. O pefelista costura uma aliança com empresários para ver se vota alguma coisa em 99. Já sentiu que, se esperar pelo governo, a reforma não sai.

Adoçando a boca

O pacote de agrados aos governadores vai além das mudanças na Lei Kandir e no FEF. Passa por autorizações para contrair empréstimo externo e dinheiro da CEF para sanear as empresas estaduais de água.

TIROTEIO

De Ney Figueiredo, consultor político e assessor da CNI (Confederação Nacional da Indústria), sobre a derrota na eleição presidencial argentina de Eduardo Duhalde, cuja campanha foi feita pelo publicitário Duda Mendonça:
- Já trabalhei com o Duda duas vezes. Ele é um gênio da comunicação política, principalmente na parte de propaganda de TV, mas não tem o mesmo talento na estratégia e na leitura de pesquisas, fases nas quais se montam as idéias para vender um candidato.

CONTRAPONTO

Pelada no cerrado
O governador de Roraima, Neudo Campos (PPB), e o senador Romero Jucá (PSDB) travam uma guerra recheada de pequenos golpes baixos.
Semana passada, por exemplo, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado pôs em pauta um pedido de autorização para Neudo contrair um empréstimo externo de US$ 26 milhões para eletrificação rural no Estado, que o governador quer inaugurar na eleição de 2000.
Jucá, que já havia barrado outras tentativas de votação do pedido, tinha um compromisso na mesma hora. Passou cedo na comissão e solicitou a inversão da pauta, passando o item para o último lugar da lista de votação. E saiu, certo de que voltaria a tempo de brecar a votação.
Sabendo que Jucá estaria ausente, Neudo telefonou para os caciques pefelistas, que fizeram uma nova inversão da pauta. Quando Jucá chegou, o pedido estava aprovado. Neudo vibrou:
- Eu não sou o Ronaldinho, mas dei um grande drible de letra no Jucá!


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